quinta-feira, 27 de abril de 2017

A ciência e as razões pelas quais não se bate numa criança (nem em ninguém)

Sempre que estou em debates sobre as formas de educação parental, nas quais defendo fervorosamente uma educação sem violência, escuto defensores das famosas “palmadas pedagógicas” me dizerem:
- Eu apanhei quando era criança e, nem por isso, eu morri.
Mais surpreendentemente ainda, tenho ouvido pessoas dizerem que apenas “se tornaram gente” em função das palmadas, surras e chineladas que levaram e, quando questionadas sobre a eficiência dos métodos e sobre o que nos diz a ciência acerca de tais modelos educativos estas pessoas nos dizem:
- Eu sou o que sou pelas surras que levei. O que as surras fizeram comigo foi me transformar num homem ou numa mulher de bem.
Confesso que fico chocada com tais argumentos, sobretudo porque há muito conhecimento científico sobre o assunto nos mostrando justamente o contrário: os impactos negativos de uma violência são imensos e comprovados, ao passo que os impactos positivos são desconhecidos e duvidosos. Entretanto, conforme nos mostra o site Crescer sem violência, as crianças, quando apanham, desaprovam as palmadas. Entretanto, as palmadas resultam em adultos que aprovam essa tática ao invés de rejeitarem a violência como oportunidade, a não ser que suas infâncias tenham sido com disciplina física muito severa (The Primordial Violence: Spanking Children, Psychological Development, Violence, and Crime, 2013, Murray A. Straus, Emily M. Douglas, Rose Anne Medeiros. ISBN-13: 978-1848729537).
Talvez por isso, estas mesmas pessoas que se agarram a estes argumentos, em outras áreas de suas vidas, não fazem as mesmas apologias ao passado. Vejamos, em outrora todas as mulheres pariam em casa. Nem todas elas nem todos os bebês morriam. Mesmo assim, a modernidade modificou este cenário e a maioria das gestantes contemporâneas optam por parirem em hospitais. O que nos dizem os dados de pesquisa sobre isso? Melhor estrutura de parto diminui a mortalidade infantil e a materna. Sobre isso, ninguém discorda.
Outro dado também interessante é que em outras épocas as crianças iam às escolas apenas por volta dos sete anos. Sim, nossos pais não morreram por isso, mas por que enviamos nossos filhos ao colégio bem mais cedo na contemporaneidade? Os dados de pesquisa já evidenciaram os benefícios da educação infantil e das aprendizagens na primeira infância para o desenvolvimento humano. Além disso, há uma lei tornando o ensino obrigatório para todas as crianças a partir de 6 anos. É preciso, neste caso, além de validar o avanço científico, também, cumprir a lei.  
Além disso, quando nós, adultos desta geração, erámos crianças, andávamos amontoados num carro, sem cadeirinha (as vezes íamos na mala do carro com a tampa aberta). Andávamos no banco da frente sem cinto de segurança e, apesar de termos sobrevivido a isso, a maioria de nós age de forma diferente com nossos filhos. Além das leis que obrigam o uso dos equipamentos de segurança (as cadeirinhas desde 2010), dados do Ministério da Saúde apontam a diminuição de mortes infantis em 20% desde essa obrigatoriedade.
Mas porque acreditamos na ciência em tantos casos e desacreditamos quando ela envolve um tema tão sério como a educação dos filhos e o desenvolvimento afetivo e social deles? Em primeiro lugar, sendo a educação uma ciência humana, observamos a possibilidade de coexistência de várias teorias. Entretanto, nenhum dado científico conseguiu provar os benefícios de uma boa surra (por isso as pessoas recorrem às suas experiências empíricas e falam de como evoluíram via palmadas a partir de um argumento bastante egocêntrico para ser utilizado por um adulto: deu certo comigo dará com todos).
Em segundo lugar, em matérias de educação parental ainda somos levados a acreditar mais no senso comum do que no conhecimento científico. Mesmo assim, defendendo a tese de que viemos a este mundo para melhorá-lo, o que inclui evoluir em todas as instâncias, incluindo a educação dos filhos, decidi apontar algumas coisas para pensarmos sobre como educamos nossas crianças e as razões pelas quais devemos, a todo custo, evitar bater nos pequenos.  

Primeira questão: O tema da violência contra crianças e adolescentes é uma questão urgente e séria. Dados do CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – apontam que anualmente 6,5 milhões de crianças sofrem algum tipo de violência em suas casas.
Segunda questão: mesmo que o sujeito legitime a palmada e queira fazer uso dela, ele não pode. Bater numa criança é crime e deve ser punido. A lei Menino Bernardo, desde 2014, criminalizou as práticas educativas pautadas em maus tratos. Entretanto, embora esta lei tenha, apenas recentemente, explicitado tal proibição, a mesma já é bem mais antiga, posto que o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), aprovado em 1990 afirma que, "Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".
Terceira questão: As palmadas – mesmo que bem dadas, como julgam ser possível alguns pais – não permite a adequação de um comportamento, visto que possui um caráter externo. Quando a criança apanha ela não pensa sobre o ocorrido e, o que é ainda pior, compreende como permitido o uso da violência como forma de resolução de conflito com os seus iguais. A literatura tem evidenciado (TOGNETTA, 2003), inclusive, que crianças que apanham legitimam seu desejo de também o fazer para garantir aquilo que mais desejam: serem adultos iguais aos pais.
Quarta questão: A violência atinge diretamente a identidade da criança destruindo sua autoestima. Isso porque, crianças e adolescentes que sofrem com a violência sentem-se culpados pelos maus tratos vividos responsabilizando a eles próprios (muitas vezes reforçados pela autoridade que também os responsabiliza: “você pediu para apanhar”).
Quinta questão: A família é um espaço de intimidade, no qual seus membros devem buscar refúgio sempre que se sentem desamparados e desprotegidos. Como garantir este ambiente seguro numa relação pautada pela violência?
Sexta questão: o diálogo, o respeito à criança, o exercício da paciência e o limite discutido são alternativas bem mais eficientes do que as violências físicas e psicológicas (não se bate numa criança, mas, também, não se maltrata, não se humilha nem se pratica nenhuma violência psicológica).
Sétima questão: uma infância envolta aos castigos corporais aumenta as chances de um casamento no qual haja violência doméstica é o que nos mostram muitas pesquisa, dentre as quais podemos citar Taylor, C. A. et al (2012), “Use of Spanking for 3-Year-Old Children and Associated Intimate Partner Aggression or Violence”, Pediatrics 126(3), 415-424.
Oitava questão: Um estudo analisou quase 4 mil crianças concluiu que palmadas com 1 e 3 anos estavam associadas com problemas de comportamento, déficits cognitivos e aumenta o risco de agressividade e depressão aos 3 e 5 anos. Maguire-Jack K, Gromoske AN, Berger LM. Spanking and child development during the first 5 years of life. Child Dev. 2012 Nov;83(6):1960- 77.Doi:10.1111/j.1467-8624.2012.01820.x. Epub 2012 Aug 3.
Nona questão: enquanto apanha a criança direciona toda sua atenção para lidar com a dor que sente ao invés de prestar atenção ao que o adulto diz. Se quer, realmente, educar uma criança olhe ela nos olhos, prenda sua atenção ao que deseja que ela aprenda.
Décima questão: Crianças que apanham e são educadas por pais autoritários e agressivos estão mais suscetíveis a práticas de bullying, tanto na posição de autores como de alvos deste fenômeno.
Bem, penso que já temos muitos dados de pesquisa que podem nos demover da crença de que bater educa. Com isso, podemos estar atentos a outras formas de educar as crianças, nas quais o respeito à dignidade e a compreensão de seus processos de desenvolvimento façam parte.  

  


terça-feira, 25 de abril de 2017

O jogo da Baleia Azul sob o olhar atento de quem educa


Um jogo que surge na Rússia em 2015 e, a partir de uma fake news (notícia falsa), se espalha na internet... 
Pais e professores se assustam e ficam amedrontados com as notícias e com a possibilidade de seus filhos “jogarem” o Baleia Azul. 
Mas, o que leva jovens a participarem de um jogo com uma sucessão de etapas e tarefas que causam dor e riscos; que levam a uma preparação cruel ao suicídio?
O jogo é um caso de cyberagressão, pois os “curadores” procuram os alvos certos, frágeis. Há etapas que são comuns a todos os jogadores. Mas há aquelas que são escolhidas para cada um dos pobres participantes que, ao entrarem, são obrigados pelo medo e pela imposição dos curadores a permanecerem no jogo.
E quem são os alvos? 
Ainda pela novidade do fenômeno, pouco sabemos de suas características. Ao que tudo indica, podem ser meninos e meninas que não possuem uma autoimagem positiva, não se sentem valor e, portanto, são frágeis psicologicamente, não conseguindo enfrentar a situação sofrida e que parecem precisar provar para si mesmo o quanto têm valor.  Esses, muitas vezes fascinados pela ideia da própria superação, parecem se submeter aos castigos físicos e psicológicos impostos a si mesmos como uma espécie de resgate de seus valores.
O fato é que a preocupação dos pais é relevante. Família e escola, duas instituições responsáveis pela educação do ser humano, ainda que possuam papéis diferentes, precisam intervir.  
        Infelizmente com fatalidades reais, esses casos podem nos alertar sobre as formas com que estamos educando nossos filhos, ou melhor, qual o “estilo” de educação estamos adotando na difícil tarefa de formar meninos e meninas.  
        Certamente, o estilo de educação parental interfere no comportamento e maneira de agir dos filhos e filhas. A dinâmica da família, os estilos de educação dos pais e das mães podem converter-se em fatores protetores ou de risco para crianças e adolescentes, podendo ser autores ou alvos de bullying. 
Apresentemos, resumidamente, cada um deles, já amplamente descritos na literatura da Psicologia:  
1.   Pais que adotam um estilo permissivo: valorizam o afeto e o diálogo, mas estabelecem pouquíssimas regras, limites ou responsabilidades às crianças; cedem constantemente às suas exigências.  
As consequências: as crianças e adolescentes tendem a ser impulsivos e imaturos, com pouco autocontrole e responsabilidade social.  
2.   Pais que adotam um estilo negligente: há ausência de envolvimento dos pais na vida dos filhos, pouca demonstração de afeto e pouca imposição de regras e limites; seus interesses são centrados em suas próprias necessidades.  
Consequentemente... os filhos e filhas tendem à depressão, baixa autoestima, insegurança e são mais vulneráveis ao uso de drogas, atos infracionais, alto nível de agressividade, dificuldades escolares e sociais. 
3.   Pais que adotam um estilo autoritário: os pais são pouco afetuosos e comunicativos, rígidos, controladores e muito exigentes, valorizando a obediência às normas e às regras por eles definidas sem qualquer explicação para os filhos; diante da transgressão, fazem uso de ameaças e do castigo físico.  
Por consequência: os filhos tendem à timidez, apreensão, conformismo e diminuição da autoestima, tendo dificuldades para emitir opiniões, argumentar, tomar decisões, resolver seus conflitos de forma satisfatória para todos, expor e discutir seus sentimentos. Podem apresentar baixo índice de habilidade social, rebeldia; convivem com problemas relacionados à depressão.  
4.   Pais que adotam um estilo autoritativo: não deixam de ser a autoridade da relação, mas possibilitam a participação do (a) filho (a) na construção de determinadas regras, oferecendo oportunidades para que faça pequenas escolhas e negocie com o adulto; pais participativos que mantêm uma relação de equilíbrio e respeito compreendem as necessidades e opiniões de seus filhos; diante de uma situação de conflito, os pais oportunizam o pensar e incentivam a busca de uma melhor forma de agir sem prejudicar a si e ao outro.  
Consequências: filhos que, como todos, têm conflitos, mas os enfrentam com autocontrole e assertividade.  

Todos nós sabemos que a família tem papel importante no fortalecimento de meninos e meninas para não serem vítimas e agressores de bullying; necessitam de uma educação que os direcionem a admirar valores morais tão desejáveis como o respeito, a tolerância e a justiça e não o poder sobre o outro, ou a não aceitação da diferença. Falhamos, corrigimos, revemos e voltamos a atuar... este é o sentido de educar. As características destacadas têm exatamente esse objetivo: que possamos refletir sobre como tem sido nossa relação com os filhos e o quanto temos usado do melhor instrumento humano que pode humanizar: o diálogo.
Feitas tais reflexões, é preciso ainda que, como pais, estejamos atentos a algumas ações que podemos ter:  
- ficar atentos a mudança de comportamento dos filhos (isolamento, irritação, agressividade, resistência a ir à escola, poucos amigos...); 
- ter uma supervisão equilibrada da vida intra e extra escolar e do uso das redes sociais (não com a intenção de vigiar, mas de acompanhamento, preocupação e cuidado); 
- primar por uma comunicação construtiva (espaço para que nossos meninos e meninas possam falar do que sentem e pensam, cuidando para dar a devida consideração a estas dimensões – pois assim podem se sentir respeitados e, ao se sentirem respeitados, podem exigir respeito a si); 
- Falar abertamente do jogo possibilitando a reflexão das consequências e das razões com as quais algumas pessoas sentem a necessidade de aceitar os desafios propostos;
- estabelecer regras claras e constantes, fazendo uso de sanções por reciprocidade que possibilitem a reparação; 
- atribuir limites frente a ações destituídas de valores morais. Comportamentos em que faltam o respeito, a justiça e a tolerância devem ser desaprovados pelos pais, porém pelo diálogo e não pela imposição da força.
- favorecer a empatia, ou seja, a importância de se colocar no lugar do outro e se comover com a sua dor (os pais são referências para seus filhos e, por isso, é preciso pensar: que princípios morais legitimamos em nossa convivência diária?); 
- através de uma educação autoritativa, estabelecer vínculos de confiança na relação com filhos (as) – saber com quem saem, com quem conversam virtualmente ou na vida real.
Sabemos que educar moralmente é papel da família e da escola, que também deve e precisa reavaliar suas condutas na formação de seus alunos. Contudo, como pais que somos, dar o nosso “melhor” é, para nós, condição para que nossos filhos sejam mais equilibrados, justos e felizes.  

Este texto é uma produção do GEPEM- Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral e foi escrito pelas pesquisadoras Luciene Tognetta e Sandra de Nadai. 

Para ver mais textos destes profissionais acessem ao site Somos Contra o Bullying






quinta-feira, 20 de abril de 2017

Ensinemos nossos filhos a serem valentes

Este texto não é uma produção minha. Na verdade, é uma tradução feita por mim. Seu original encontra-se neste Link. As fotos são minhas, do meu pequeno, daquele a quem desejo todos os dias um coração puro, empatia, generosidade e, muita, mas muita coragem para enfrentar esta vida que é tão difícil, mas que ele pode ajudar a melhorar. 

É importante ensinar seus filhos a serem corajosos, para dizerem "NÃO" sem medo e "SIM" sem culpa. Para isso, diga-lhes que neste mundo ninguém tem o direito de tratá-los mal, porque eles são feitos de ouro, emoções e sonhos, porque a sua dignidade é sagrada e  a felicidade é um direito que ninguém pode violar.




É muito possível que neste momento estejas vivendo o melhor momento de sua vida, educando uma criança pequena ou um bebê de poucos meses. Em sua mente se abrirá várias esperanças e desejos. Imaginarás como ele/ela será, pensará sobre como você pode guiá-lo, e o que você fará todos os dias para dar-lhe sempre o melhor.
No entanto, lembre-se que, para isso, uma criança não precisa ser a melhor em sua escola, dominando várias línguas ou cumprindo uma a uma todas as expectativas que temos sobre ela. Uma criança precisa, acima de tudo, ser feliz. Por mais estranho ou contraditório que isso pareça, não é tão fácil alcançar esta felicidade, já que a infância, nem sempre, é um período fácil.
Ser uma criança significa, às vezes, lidar com vários medos, inseguranças ou mesmo ter que caber em ambientes onde passam por muitas dificuldades. Considere, por exemplo, as dificuldades enfrentadas por alguns pequenos que, por qualquer motivo, acabam sendo vítimas de assédio moral. 
Como mães e como pais, devemos dar estratégias de enfrentamento apropriadas aos nossos filhos, inteligência emocional e auto-estima. Devemos ensiná-los a serem corajosos, pois esta é uma dimensão que, certamente, favorece a capacidade de serem livres, felizes e mestres de seus próprios destinos. 



Nós explicamos como.
Promover a auto estima e a segurança pessoal dos nossos filhos é uma tarefa para a qual devemos investir tempo e esforço no dia-a-dia. Para isso devemos, primeiro, compreender que a melhor forma de educar é aquela em que fazemos uso do exemplo e, portanto, é essencial que a nossa casa sempre respire um ambiente democrático e respeitoso, de modo que nela cada voz seja ouvida e valorizada.  Para isso, 
  • Incentive seus filhos, desde cedo, a terem suas próprias opiniões sobre as coisas e que saibam se defender com respeito.
  • Ofereça-lhes segurança através dos olhos, palavras e tratamento. Tudo o que eles dizem e pensam devem ser ouvido e valorizado (mesmo quando não concordamos, podemos ser respeitosos no discordar).
  • Inicie, desde cedo, a responsabilidade pessoal dos pequenos, pois uma criança, quando incentivada a fazer as coisas por si só, desenvolve auto estima e segurança.
  • Também ensine seus filhos a serem humildes, porque a humildade é igualmente importante quanto ter uma voz e opinião sobre as coisas. Isso ajuda a saber o que queremos e o que é ou não permitido. 
Entre 5 e 8 anos é importante orientar todas as crianças, a partir do egocentrismo próprio destas idades, a reconhecerem o outro como parte de nós mesmos. É preciso encontrar equilíbrio entre a auto estima e o respeito por outros, existindo empatia e reciprocidade. 

Uma boa forma para isso seria ensinar os filhos a se resignarem e se defenderem quando os outros os tratam mal. 





Estamos todos conscientes de que as crianças devem aprender pouco a pouco e dia a dia sobre como se defenderem sozinhos e serem auto suficientes. Porém, não somos nós, pais e mães, que devemos resolver tudo por eles. Devemos, ao contrário, estar aos lado dos pequenos, mas apoiando-os, e orientando, além de defendendo sempre que necessário. As crianças precisam saber que estamos lá, que seremos uma figura sempre presente para apoiá-los quando eles estão com medo, dúvida ou quaisquer preocupações.


Para isso, propomos algumas reflexões que te ajudarão a educar filhos corajosos que consigam se desvencilhar dos maus tratos que possam viver, além de oportunizar o desenvolvimento de crianças fortes, responsáveis, empáticas e autônomos.
  • Nenhuma criança, muito menos qualquer adulto, tem direito de fazer uma criança se sentir mal.  Se isso ocorre, apenas a assertividade vai ensinar você a defender sem medo ou insegurança, para dizer em voz alta o que incomoda você.
  • Toda criança deve saber que existem limites, pois são eles que nos ajudam a nos sentirmos bem, seguros e salvos. Estes limites são ultrapassados em muitas maneiras diferentes: por um insulto, agressão, um desprezo, um insulto, uma piada, ou rejeição.

Lembre-se, os filhos valentes são ...

Não hesite em ensinar a seus filhos que são os verdadeiros heróis, verdadeiros valentes:
  • Valente é quem diz: "basta" para algo que ele não gosta, que incomoda ou machuca.
  • Corajosos são aqueles que dão um passo a frente e demonstram coragem de dizer o que dói demais (isso vale também para coragem de dizer para nós pais ou professores)
  • Valente é também um que se atreve a ajudar aqueles que sofrem, que apoia os que estão numa situação mais frágil ou que sentem medo. 
  • Corajoso é aquele que tem a coragem de enfrentar o valentão para dizer "você não vai me machucar novamente", "você não tem direito de fazer isso, você não é melhor do que eu."
  • Valente é que toma decisões com o coração sem medo, que se importa em fazer o bem e, por sua vez, por cuidar de si mesmo.
·         Em conclusão, não importa que o nosso filho ainda é muito pequeno. Coragem, auto-estima e boa auto-imagem são cultivados em relações diárias de respeito e confiança, de forma constante. Primeiro iniciamos com o carinho, abraços, olhares de afeto e cuidado de todas as suas necessidades.



·         Mais tarde, com o exemplo, com as palavras sábias, sábios conselhos e com paciência para ensinar aos filhos aquilo que ainda não sabem. 
       
      Meu desejo é que sejamos valentes para educarmos, também, filhos valentes que, ao reconhecerem o respeito como um valor do qual não abrem mão, possam respeitar a si e aos outros.







terça-feira, 11 de abril de 2017

Por que Super Nanny não educa?

Estes dias encontrei uma colega que há muito tempo não via. Ela disse que tinha um filho pequeno e desatou a falar das dificuldades que enfrentava na educação dos filhos. Conversamos sobre isso e, no final, ela me disse: É, acho que eu tenho que assistir muito Super Nanny para aprender a educar melhor.
Nossa, esta frase final foi, para mim, um grande balde de água fria. Primeiro porque, como conversávamos sobre algumas estratégias educativas, ela achou que eu falava dos “condicionamentos da Cris Polly”. Segundo, porque ela evidenciou o quanto tantas pessoas acreditam que as fórmulas mágicas da ilustre babá são acertadas e o quanto podem servir de modelo para que pais eduquem seus filhos. Que engano!
Foi por isso que decidi escrever o texto de hoje. O objetivo é discutir os enormes problemas que podem decorrer da replicação de modelos como os apresentados na TV e o quanto são ineficientes, do ponto de vista do desenvolvimento moral, as estratégias sugeridas por este reality show. Se queremos, de fato, que nossos filhos sejam respeitosos, justos, generosos, etc, antes de querermos que eles sejam obedientes, é melhor desligar a TV e procurar formas mais assertivas de educar.   
Para pensarmos sobre isso, em primeiro lugar, devemos ter clareza que o programa é editado, o que facilita a exibição de imagens que induzam a crença em torno da eficácia do método adotado. Tenham certeza, estas técnicas aplicadas não funcionam para todos e todas. O que acontece é que estes que não respondem aos condicionamentos não são exibidos, nos passando a ideia de que a eficácia é de 100%. Ademais, crianças e pais estão sob os holofotes das câmeras, o que, naturalmente, já favorece a adoção de outras posturas.
Pensando sobre isso, vou refletir sobre a ineficácia das propostas da Cris Polly, e como suas ações são inadequadas e pouco favorecem a conquista da autonomia moral das crianças.
Mas por quê? Super Nanny focaliza toda sua reflexão no presente, buscando resultados rápidos. As diversas variáveis implicadas no desenvolvimento humano são descartadas e todo problema de conduta é tratado como se fosse oriundo, exclusivamente, da falta de pulso firme de pais complacentes. Em nenhum momento a apresentadora analisa questões subjetivas das crianças e de seus pais, ignora os conteúdos psicológicos da família e replica a mesma estratégia para vários tipos de crianças com dificuldades diferentes. O foco da Nanny está, sempre, no treinamento de habilidades iguais para todos desprezando as diversas identidades e características intrasubjetivas.
Isso é um grave erro. Sabemos, através de muitas pesquisas sobre desenvolvimento infantil, que não é apenas um ou outro fator isolado que determina as atitudes dos sujeitos, mas sim a interação entre as diferentes formas de convivência que estabelecemos com os outros que nos formarão para os relacionamentos interpessoais, ajudando-nos a construir nossos valores, princípios e normas morais.
Além disso, outro grave problema da fórmula mágica adotada no programa está relacionado as regras e como elas são trabalhadas. Isso porque as regras são muito importantes para o desenvolvimento moral de crianças (é a porta de entrada no mundo da moral), mas não da forma como a Nanny lida com elas. A babá pop star apresenta as regras sempre já prontas, criadas por ela e sua onipotência, as quais deverão ser obedecidas pelas crianças cegamente e garantidas pelos pais, os guardiões das regras, concordando com elas ou não. Para a garantia da obediência às regras, Cris Polly afirma ser necessário, apenas, que os pais sejam suficientemente fortes para isso (entendam fortes como autoritários e sem diálogo).
Durante todo trabalho de domesticação a babá não reflete com as crianças sobre as regras, não evidencia os princípios que as sustentam e, muito menos, as constrói colaborativamente com os pequenos. Ela despreza os desejos e sentimentos dos pais e filhos, impõe autoritariamente suas normas e leva seus telespectadores a acreditarem que o autoritarismo é a chave do sucesso na educação dos filhos.
Em termos de Desenvolvimento Moral isso é um crime, pois, embora entenda que as regras são importantes e necessárias na garantia de uma convivência ética e respeitosa (não estou fazendo apologia ao tudo pode), compreendo que elas precisam ter sentido para criança. Piaget destaca que mais importante do que a regra é o princípio que a sustenta. Isso porque, uma pessoa pode não bater numa criança porque a Lei Menino Bernardo proíbe, enquanto outra compreende que não se pode bater por ser desrespeitoso qualquer forma de maltrato. Ambas não bateram, mas, do ponto de vista moral, as duas pessoas estão em estágios do desenvolvimento bem distintos. A primeira, ainda heterônoma, precisa sempre de um regulador externo: a lei, a câmera que filma na loja ou a blitz da lei seca para não agir de determinada forma. A segunda, por ter internalizado o valor da justiça e do respeito, não precisa de regulador externo. Lembremos:  o valor moral de uma ação não está na mera obediência cega às regras, mas, sim, aos princípios e valores que as sustentam.
Princípios são mais importantes que as regras e, mesmo assim, desprezados pela Super Nanny. O professor Yves de La Taille afirma que as regras seriam mapas que nos ajudam a nos deslocarmos no mundo e os princípios seriam as bússolas. Como é com bússolas que se fabricam os mapas, e não o contrário, possui maior sofisticação moral quem sabe, além de ler mapas, empregar as bússolas. Quem se limita ao conhecimento das regras morais não somente fica, na prática, sem saber como agir em inúmeras situações (por que não há regras explicitadas para todas) como corre o risco de ser dogmático e injusto. Em compensação, quem conhece princípios pode saber guiar-se em diversas situações e decidir como agir. Neste mundo, conhecer os princípios morais parece corresponder a uma competência necessária, mas não reconhecida pelo programa em questão. Enquanto propõe regras de fora para dentro, sem que as crianças pensem sobre elas, Super Nanny consegue um certo controle comportamental, mas pouca educa moralmente os pequenos.
Além disso, quando as crianças não cumprem as regras elas recebem sanções. Estas não são por reciprocidade, mas sim expiatórias, configurando um ambiente autoritário de castigos chamados de “cantinhos do pensamento”. Isso porque, o que a Nanny ensina os pais a fazerem é impor regras em função do respeito cego à autoridade e pelo medo de punição. Esse modelo educacional parte do pressuposto que todo comportamento é condicionado e que as sanções expiatórias (as punições que não ligadas ao ato infracional, mas sim são coercitivas e causam algum tipo de dor) são eficientes. Como garantir que as crianças estão pensando por estarem no cantinho do pensamento? Mais que isso, como garantir que elas estão pensando justo no que precisa pensar: no erro, em como o outro se sentiu, em como ela poderia ter agido diferentemente?
Essa forma de educar, por mais didática que possa parecer, está fadada ao fracasso, pois não adianta explicar com belas palavras a importância da justiça se a criança não vivencia um ambiente justo, não adianta explicar o porquê dos limites se esses são válidos apenas para as crianças. É preciso fazer uma ponte entre a vida e a reflexão sobre a vida.
Outro ponto problemático do programa é a forma como Nanny ensina os pais a lidarem com os ataques e fúria. Primeiro porque ela desconhece que há momentos de resolver os conflitos e há momentos de serenar os ânimos. Ao invés de ensinar os pais ajudarem os filhos a terem autocontrole, a babá reforça a necessidade do controle externo aplicado, muitas vezes, de forma desrespeitosa. Lembremos, o desenvolvimento moral é eficiente quando, com o passar do tempo, o controle do comportamento vai se tornando interno, isto é, quando a criança desenvolve autocontrole e o respeito às regras não depende mais do olhar dos pais ou de outras pessoas.
Além disso, outro grande problema é o quanto a cultura da família não é importante para o programa. Em nome da generalização, Super Nanny ignora as relações estabelecidas entre os membros da casa. Se as crianças dormem na cama dos pais, por exemplo, ela simplesmente diz: acabou (e tem que ser naquele dia). Não há adaptação para os pais e filhos, não há respeito, não há reconhecimento de que o tempo das pessoas divergem, não há nada. A técnica é da ruptura e persistência: suportem o choro que passa. Sim, o choro passa. O que a babá mais famosa não diz aos pais é que passa porque a criança, em seu desamparo, desiste de buscar acolhimento daqueles que mais deveriam protegê-la. Passa porque a criança entende que não adianta chorar, evidenciar sua fraqueza e necessidade, porque isso não são coisas importantes. Bem, se a babá pop star não fala isso ela não fala, também, nas consequências que o desamparo pode trazer ao desenvolvimento dos sujeitos.
Além disso, Super Nanny ignora o respeito mútuo, favorece o desamparo, incentiva práticas educativas autoritárias e inadequadas e faz tudo isso em nome do bem, da mudança de comportamentos. Talvez para ela os fins justifiquem os meios, não é?
Já para mim, os meios precisam ser construídos e pensando em função do fim. Queremos filhos obedientes ou filhos justos, honestos e generosos? Queremos filhos que façam o que mandamos porque somos seus pais ou queremos filhos que respeitem as pessoas (mesmo quando não estamos juntos) e as regras em função dos princípios que as sustentam?
Por isso, lhes peço: ao sentarem em frente a TV para assistir o show de horrores dessa babá pensem que ali estão sujeitos que precisam, além da mudança comportamental, de reconhecimento de suas identidades e de suas serem reconhecidos como sujeitos com suas histórias, suas angústias e seus medos.
Estas pessoas (pais e filhos) precisam de ajuda sim. Apenas não precisam de domesticação e adestramento recheados de falta de afeto. Vamos buscar formas de educar nossos filhos, mas não vamos achar que tudo que aparece na mídia, nas redes sociais ou em outros espaços de divulgação são receitas a serem cumpridas.
A palavra-chave é bom senso. Precisamos olhar para nossos pequenos identificando o que lhes falta, para, com isso, encontrarmos os caminhos para uma educação saudável e feliz. Para isso precisamos de paciência e persistência, precisamos de toda família junta e unida nesse propósito que é justo e urgente: educar as crianças da melhor forma que conseguimos. 


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Uma mamãe "viajenta" e a culpa que ela sente

Comecei uma nova fase de minha vida profissional: agora sou professora universitária. Recentemente aprovada num concurso público, me vi ontem cheia de sentimentos ambivalentes em meu primeiro dia de trabalho: culpa X alegria; tristeza X realização; satisfação x angústia.
Passei minha vida lutando por um objetivo e esta semana, finalmente, foi atingido. Mesmo assim, após mais de 17 anos de estudo entre graduação, especializações, mestrado e doutorado, me via as vias com sentimentos contraditórios que faziam a danada da satisfação plena não me dominar.
Isso porque serei professora em uma cidade do interior e, como as aulas são noturnas, terei que dormir alguns dias da semana longe de meu pequeno. Dessa falta que sinto, somada a culpa por estar longe, vem um sentimento que teima em querer me fazer sentir mal, em me sentir culpada.
Levante a primeira pedra a mãe que nunca sentiu culpa! Todas nós sentimos. Aquelas que estão sempre fora... Aquelas que estão sempre perto. As que trabalham, as que cuidam dos filhos em tempo integral... Todas nós sentimos culpa.
Buscando ajuda para superar esta crise, uma primeira reflexão veio a minha mente: mãe também é gente! Com isso, entendi que mães podem ser (e devem ser), profissionais, mulheres, amigas e outros papéis que desejarem desempenhar.
Preciso me sentir bem e realizada em minha vida profissional, para que consiga, também, estar legal com meu Tom nos nossos muitos momentos juntos. Não terei mais as noites todas colocando ele para dormir (ele adora ouvir canções de ninar e receber massagem nestas horas), mas terei dias ao seu lado, coisa que antes não podia usufruir. Poderei acompanhar tarefas, fazer salgadinho de queijo à tarde e, até mesmo, levá-lo um dia por semana ao Judô e à Natação. Faremos destes momentos os melhores possíveis.
Além disso, pensei: eu não sou a única responsável pelo bem-estar do pequeno. Com isso, nos dias que eu estarei fora, ele poderá contar com o apoio, amor e carinho do pai, que é igualmente responsável pelo seu desenvolvimento e felicidade. Como não sou a responsável integral pelo pequeno, dividir com meu marido ajuda, também, ao exercício de uma paternidade saudável e feliz.
Isso porque, as massagens, a canção de ninar e o chamego que Tomaz ama na hora de dormir podem ser, facilmente, exercidos pelo pai e sua afetividade, estreitando os vínculos entre os dois cada vez mais.
Além disso, preciso, também, superar minha fantasia onipotente de que apenas eu faço tudo certo e melhor com Tomaz. Esse garotinho especial tem uma sorte danada: ele tem duas avós que se dedicam demais a ele, um pai presente e participativo, uma madrinha sempre a postos e ainda conta com Janaína, uma pessoa ímpar que cuida dele desde seu nascimento.
Todas estas pessoas fazem com ele tudo que é necessário, cuidando e amparando da melhor forma que elas podem. Com isso, eu posso me trabalhar para abandonar qualquer expectativa de perfeição que eu busquei na minha maternidade idealizada e me reconhecer como boa mãe mesmo sem cozinhar todas as refeições do meu filho com material orgânico e sem estar sempre ao seu lado para identificar o menor sinal de desamparo.
Além disso, outra forma muito legal de trabalhar minha culpa está sendo dizer a Tomaz tudo que nós sentimos. Digo a ele que preciso e gosto de trabalhar, que me realizo como professora e que para mim é importante ensinar outras pessoas. Digo que quando não estou com ele sinto sua falta (o que é verdade) e que sempre volto para matarmos a falta que sentimos um do outro.
Numa das vezes que fui viajar ele me disse: “eu não gosto que você é uma mamãe viajenta!” Ao ouvi-lo dizer isso, eu reconheci o sofrimento dele, disse que imaginava o quanto ele não gostava, mas reforçava que a mãe dele era assim, “viajenta” mesmo, porque ela precisa e queria trabalhar, porque gostava de fazer isso. Disse-lhe, também, que sou uma mãe que está sempre disponível para ele, mesmo longe, e que amo ele demais!
Acho que ele entendeu parcialmente. Aos poucos vai entendendo cada vez mais. Mas de uma coisa eu tenho certeza: quando estamos juntos eu sou dele! Toda dele! Ele sabe disso. Sabe que essa mãe que ele tem, do jeito que pode, é a melhor mãe que consegue ser, mesmo, às vezes, estando cheia de culpa por ser tão “viajenta”.  
   



A hora certa de buscar ajuda psicológica para o seu filho!


Muitas vezes enfrentamos dificuldades na educação dos filhos e, sozinhas, não conseguimos enfrentá-las. Então, torna-se importante buscar ajuda profissional, garantindo que um desenvolvimento saudável aconteça e que os pais tenham suporte e orientação para garantir isso.
Para nos ajudar com relação ao tema, entrevistei a psicanalista Katherinne Gonzaga, membro da Sociedade Psicanalítica da Paraíba – SPP, mestra e doutoranda em educação, sobre o momento certo de buscar ajuda profissional.
No post de hoje ela nos ajudará a pensar sobre isso e sobre o que devemos observar para sabermos se precisamos de ajuda.

Qual a hora certa de procurar ajuda psicológica?
Acho que podemos dizer que a hora certa de procurar ajuda psicológica para os filhos é quando percebemos que a vida do(a) pequeno(a) está sendo limitada por algum sintoma. Quando a vida social, afetiva, familiar começa a sofrer restrição por algum comportamento apresentado pelo(a) seu(ua) filho(a).

O que devemos observar no filho para saber quando procurar ajuda psicológica?
O que devemos observar exigiria inúmeros exemplos. Considerando as diferenças com relação a cultura familiar, modos de inter-relacionamento social e familiar, podemos observar, por exemplo, comportamentos que fujam muito do esperado para a idade da criança. Mas não só isso, pois, o que às vezes é comum para uma família é angustiante para outra. Neste sentido, não há uma resposta fechada para essa pergunta. Assim, é importante e cuidadoso você procurar ajuda psicológica quando comportamentos que seu(ua) filho(a) apresente lhe causar muita angústia, pois o profissional poderá contribuir com uma avaliação para a necessidade ou não de seu(ua) filho(a) fazer psicoterapia ou até avaliar e indicar um processo para o(s) responsável(is). E, sobretudo, é importante quando ele apresentar um comportamento que você percebe que está interferindo na relações sociais (incluindo aí a família, primeira sociedade com a qual uma criança se depara e da qual faz parte). Mas deixarei aqui alguns exemplos de comportamentos que chamam a atenção se pensarmos em crianças com cerca de 4 – 5 anos: sinais de agressividade para consigo e/ou com os outros, não brincar, não falar, ter ataques de agressividade que “tomem o choro”, uma expressão de ódio excessivo para com um ou outro genitor... bem, a lista seria vasta e como cada caso é um caso, o mais importante é você estar conectado ao(a) seu(ua) filho(a) numa medida que você possa se dar conta que ele está sofrendo com o próprio comportamento que apresenta. Vale lembrar que apresentar esses comportamentos não significa que a criança tenha um grave distúrbio, nada disso... apenas, pode representar um sinal de socorro, um pedido de ajuda!!

A partir de qual idade uma criança pode ter acompanhamento psicológico?

A idade pode ser a partir de bebê! Há profissionais que atendem, por exemplo, o(a) bebê com a mãe (ou com quem a ele(a) se dedique). Eu não diria que há idade certa! A meu ver o que há são necessidades de uma criança que pode receber a contribuição de um profissional (psicanalista ou psicoterapeuta) para passar por um momento, que pode ser circunstancial ou não, de forma menos sofrida. Acho importante ressaltar que as crianças estão em pleno desenvolvimento e, em determinados casos, quanto mais cedo agirmos, melhores são as chances de elas seguirem com o seu desenvolvimento de forma saudável ou mais próxima do saudável.

O que levar em consideração na hora da escolha profissional?

Infelizmente essa é outra questão de difícil solução. Eu costumo dizer que escolher um(a) profissional é extremamente delicado, pois às vezes alguém te indica um(a) profissional porque se “deu super bem com ele(a)” e com você o encontro parece “não dar certo”. E às vezes não dar certo não significa que ele seja bom ou ruim, por exemplo. Então, no meu entendimento é importante buscar indicações de profissionais nessa área com alguém da área em quem você conhece ou confia no trabalho. E, especialmente, profissionais que sejam vinculados a instituições sérias de formação.