domingo, 8 de dezembro de 2013

Contagem Regressiva para o segundo aniversário


Hoje me dei conta de que entrei na contagem regressiva para ser mãe de um menininho lindo que, em poucos dias, deixará de ser bebê. Daqui a um mês, exatamente, estaremos comemorando o segundo aniversário de meu pequeno e, dessa forma, daremos início a uma nova fase em nossas vidas.

Dizer que tudo passou muito rápido pode soar demagógico, mas, é assim que me sinto! Ao olhar para meu filho hoje me veio um filme à mente no qual a felicidade e a realização se mostram como eixo de um enredo que, ao som de tudo que o Tom gosta, modificou minha forma de ver o mundo.

Quando o Tom nasceu eu tinha muita vontade de ser mãe. Depois de quase 6 anos de longas tentativas, descubro sua chegada no dia do meu aniversário. Nossa, presente tão amado, tão esperado! Dali então, tudo voltou-se para ele: minha prioridade, minha preciosidade.

Gravidez difícil, cheia de restrições... Gravidez linda, cheia de realizações. Todo sacrifício esquecido a cada exame que anunciava a saúde do meu pequeno. Que paradoxo!

E é esse paradoxo que tem morado aqui em casa desde quando o Tom nasceu!

Trabalho, canseira, noites em claro.

Alegria, realização. Sentimento de amparo!

 

Alergias, refluxos, aperrreios.

O mundo que para quando ele deita em meu seio

 

Tá com fome, faz xixi, faz cocô

E a cada cuidado, aumenta o amor

 

Leite, roupas e haja dinheiro

Se for para ele, damos o mundo inteiro

 

E assim eu fui aprendendo a viver de uma forma bem melhor do que pude imaginar. Minha vida ganhou cores novas, embora o azul esteja predominando; ganhou novos sons (principalmente os de percussão) e ganhou muito mais sentido, porque o Tom está presente.

Meu pequeno e sua alegria me faz sorrir, às 6h da manhã, só porque ele se levanta procurando as suas baquetas e a bateria; meu pequeno e sua sabedoria, me enche de orgulho em reconhecer todos os animais e saber os sons que eles fazem; ele me enche de tranquilidade quando responde de forma espirituosa ao ser chamado de Tomaz Carneiro com um lindo e sonoro: Béeeee! E o Tom, e sua forma de cativar, me enche de um profundo amor ao me olhar nos olhos e dizer: “Gordinho da Mamãe”!

E não é só a mim que ele emociona. O pai, que por sinal é um babão, se sente super importante ao colocar o filhote para dormir ao som de beijinhos no cangote! E o pequeno, na tentativa de retribuir o amor que ganha, sabe sempre a hora certa de cantar um alto “CAZÁ, CAZÁ” do Sport porque sabe que agrada ao pai.

O padrinho, grande ídolo do pequeno, derrete-se todo quando encontra o Tom e ele o cumprimenta por “Titio-Padinho-Baterista” tudo junto e corrido; A madrinha, a mais babona que já se viu, se desmancha com qualquer coisa, porque para ela ele é um amor que não se mede.

As avós, cuidadoras oficiais, se dedicam integralmente ao neto e fazem dele a razão de suas vidas de uma forma tão sem interesse que ele, certamente, tem aprendido a amar com elas.

O avô, tão carinhoso, alegra-se com notícias, com fotos, com carinho e com qualquer coisa que venha do Tom.

As primas, que mais parecem tias, o amam de uma forma tão sincera e intensa, que me deixam de olhos marejados ao vê-lo correr para elas chamando-as; Lulu e Mandinha!

A tia Cacá, que tem seu lugar marcado “dentro do computador” se faz presente mesmo ausente e, embora haja um oceano separando Recife da Inglaterra, está todos os dias com a gente.

O Tio Renato e sua paciência, cativam Tomaz que lhe encanta apenas com um breve e suave; Titio!

E é assim, de forma simples, que o Tomaz, nosso Tom, tem dado o ritmo da música da vida de muita gente e nesses quase dois anos, ele nos fez desaprender as coisas que pouco importam para, se dedicar de verdade, a mais sublime forma de amar.

 

domingo, 10 de novembro de 2013

E quem não for? Perde!!!


Ontem o Tom fez 1 ano e 10 meses. Sem medo de parecer piegas, afirmo: Nossa como tudo passou tão depressa... Ainda ontem eu estava entrando em casa, trazendo ele em meus braços pela primeira vez. Hoje, um ano e dez meses depois, ele chega em casa caminhando com suas próprias pernas, depois de dizer em alto e bom som: vamos para casa?!

Pois é!!! Meu filho tem crescido demais e foi no bojo dessa reflexão que li o newsletter do Baby Center este mês, cujo conteúdo trazia aspectos bem característicos da idade do meu pequeno.

Ao realizar a leitura pude constatar que o texto falava de um monte de coisa da idade que meu filho ainda não faz e outro monte de coisa que ele supera em muito os marcos estipulados pelo Baby Center.

É claro que eles não erraram e que qualquer pessoa que recebe este tipo de material tem que ter a clareza de que aquilo é a média e que devemos usar as informações apenas como referencial, refletindo sobre todo o contexto que rodeia a criança.

Vestir-se sozinho, por exemplo, talvez o Tom conseguisse, mas ainda não faz. Talvez porque não tenha motricidade para isso, talvez porque não seja estimulado ou, até mesmo, talvez porque não seja nem oportunizado isso a ele (acredito mais nesta hipótese).

Já falar, o marco apontado pelo site é bem tímido comparado à performance do meu pequeno. Segundo o marco de desenvolvimento, um bebê na idade do meu pronuncia, em média, 20 palavras.

Tom supera isso em muito. Apenas falando em números ele conta até 11; Classifica vários animais: leão, gatinho, cachorro, patinho, vaca, coelho, pinguim, cavalo, carneirinho, macaco, golfinho, peixe, pintinho, aranha e por aí vai; chama papai, mamãe, vovó, vovô, Janaína (a pessoa que cuida dele e que ele pronuncia corretamente o nome), titio, padrinho, titia, prima, Lulu, Mandinha, Bisa, etc..

Nomeia quase seu corpo todo: pé, mão, ouvido, boca, nariz, olho, cabelo e até mesmo umbigo; fala um monte de coisa que quer comer: coxinha, biscoito, suco, leite, sopa, etc. e diz as cores primárias: vermelho, amarelo, azul.

Como se já não fosse muito, meu pequeno resolveu virar cantor. A primeira melodia completa de seu repertório foi: palma, palma, palma, pé, pé, pé, roda, roda, roda, caranguejo peixe é. Depois veio o Cazá, cazá do Sport e mais um monte de outras canções do repertório popular infantil.

Hoje, para nossa surpresa, além de cantar interagiu com o pai num brinquedo cantado muito conhecido:

- Abacaxi – o pai

-xixi (ele respondia)

- Maracujá

- jajá

- Se eu mandar?

- Vou

- E se não for?

- Perde (aqui em casa somos contra bater em criança e ameaçar de que faremos isso. Por isso, substituímos o famoso “apanha” da música tradicional por perde na versão da nossa família, visto que se não for para brincadeira perde de brincar, de se divertir, de ser feliz).

Quando meu pequeno respondeu gritando: PERDEEEEEEEEEE, meu coração se encheu de felicidade e naquela hora eu pensei: o que são 20 palavrinhas para quem já sabe responder sincronizado?!

Que o Tom continue assim: aprendendo o que consegue, correndo atrás do que ainda não faz e sendo muito, muito feliz. Enquanto isso, eu vou aqui lendo sobre desenvolvimento infantil, compreendendo que tudo não passa de ser apenas uma referência.

domingo, 3 de novembro de 2013

Educar os ouvidos e ainda, de quebra, educar os olhos.


Nunca mais eu tinha escrito nada para o blog. Não que minha viagem tenha se tornado mais desinteressante, muito ao contrário. Acontece que minha rotina anda tão agitada que nem entre uma “conexão ou escala” eu tenho conseguido parar para colocar no papel tudo de maravilhoso que tenho vivido ao lado do Tom.

Pois bem, hoje foi um dia em que a inspiração que senti vendo o DVD do Palavra Cantada “Pauleco e Sandreca 10 clipes” me obrigou a dar uma pausa na agitada vida para registrar algo que, de fato, vale a pena.

Ontem, meio que ao acaso, comprei este DVD para o Tom porque tudo com música chama a atenção do meu pequeno. Ao menor batuque ele abre o maior sorriso e, como a alegria do filhote é prioridade aqui em casa, de uns meses para cá tudo virou música nos meus dias.

Ele gosta de tudo mesmo: Galinha Pintadinha, Patati Patatá, Xuxa, Beethoven, Bach... Foi música, teve batuque, barulho ou qualquer som para ele tá valendo. Acontece que a música não é restrita ao Tom e, como toda a casa é “obrigada” a entrar na dança, tenho feito uma verdadeira caça ao tesouro em busca de material que eu julgo de qualidade e espero que meu filhote faça o mesmo.

Faço isso porque sei que os pais tem um papel importante no desenvolvimento dos filhos e apresentar música boa ao Tom faz parte de uma das minhas prioridades.  

Por isso, já pousou por aqui DVD de tudo quanto é jeito: A CASA DE BRINQUEDO e O MUNDO DA CRIANÇA, ambos do Toquinho; CHICO E VINÍCIUS PARA CRIANÇA, com gravações de vários artistas; ADRIANA PARTIMPIM O SHOW, de autoria e interpretação da cantora de mesmo nome; CANTAROLA COM CAROL LEVY, que de tão primoroso me emociona cada vez que o vejo; e hoje, finalmente, PALAVRA CANTADA PAULECO E SANDRECA.
 

Sempre amei Palavra Cantada e meio que por falta de atenção este DVD não estava na coleção de “músicas que amo” do meu pequeno. Ontem, por pura sorte, eu estava numa loja de roupas e acessórios infantis quando o vi no caixa e, imediatamente, coloquei no meio das compras do Tom.

Que sorte a nossa aqui em casa!!! O DVD é maravilhoso e de uma qualidade de invejar. As mensagens subliminares presentes ao longo de todas as faixas me deixaram super feliz, visto que representam um mundo sem estereótipos de gêneros e raça, algo tão forte em quase todas as produções infantis.

Em uma das faixas, cuja canção se chama MÚSICOS DANÇARINOS, um menino e uma menina dançam ballet de forma tão intensa e suave, que nem o maior de todos os trogloditas acharia “dança de menininha” e impediria seu filho de ser feliz dançando. Nesta canção, menino e menina fazem da música algo natural e de criança, de gente, sem marcações de gênero na qual uma menina de maiô cor de rosa e coque na cabeça se torna a autêntica bailarina esgotando qualquer possibilidade de naturalidade aos meninos que também desejam dançar.

Em outra faixa, MENINA MOLECA, Pauleco e Sandreca nos apresentam um jogo de futebol no qual o destaque é uma menina linda, de cabelos compridos e olhar fogueteiro, que joga futebol como ninguém. Pois é, meninas jogam bola e, para isso, não necessitam de aprovação de ninguém, porque a brincadeira pode ser de quem quiser!  

Por fim, em EU SOU UM BEBEZINHO, linda canção da coletânea, o neném não tem olhos azuis, pele branca e bochecha rosada como todo bebê de comercial. A música aqui ressaltada embala a rotina de uma família negra, na qual o bebezinho, assim como seus pais, nos ajudam a diminuir os preconceitos de raça tão marcados em nossa sociedade de base escravocrata.

Pois é, dessa vez acho que o Tom, além de ganhar música de primeira, ganhou, também, imagens que, de fato, humanizam os olhos. É por tudo isso, que indico pra toda criançada este DVD: além da qualidade das imagens e das canções ele rompe as barreiras e ao invés de reforçar estereótipos, nos ajuda a pôr fim neles. Aqui em casa Palavra Cantada PAULECO E SANDRECO 10 CLIPES já está no Top 10 dos preferidos doTom!   

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Guarda Compartilhada


Não abandonei o barco, nem pulei desse trem… :) Hoje vamos tentar entender um pouquinho sobre a tão conhecida, falada e disputada GUARDA COMPARTILHADA.

Trabalhando no ramo do Direito de Família percebi, ao longo do caminho, que os pais têm buscado com maior afinco a instauração da Guarda Compartilhada para seu modelo de família pós divórcio. Entretanto, buscam esse “way of life” sem saber ao exato do que se trata e quais as regras que norteiam um Juiz a decidir por tal tipo de guarda.

Pois bem… Conforme o artigo 1583 do Código Civil de 2002 “a guarda será unilateral ou compartilhada”.Se analisarmos, de maneira rápida, o significado e a prática da Guarda Unilateral, perceberemos que há a designação da função de guardião dos direitos do menor para um dos seus genitores. Enquanto que o outro recebe, apenas, o direito a visitação e o direito a fiscalização do exercício dos poderes dado ao guardião.

Ou seja, no modelo unilateral não encontramos a participação ativa dos dois lados (pai e mãe) no desenvolvimento do menor, mas sim de um dos lados, enquanto o outro se limite as visitas quinzenais de final de semana e ao pagamento de pensão alimentícia para auxiliar o Guardião (Genitor que detém a guarda) nas despesas do menor.

Com a criação da Lei 11.698 de 2008, adentramos com maior profundidade ao que chamamos de Guarda Compartilhada. Esta, por sua vez, traduz o exercício em conjunto, pleno e simultâneo do poder familiar. Pai e mãe atuando de forma pacífica e como uma equipe cuja grande conquista será o excelente desenvolvimento físico, mental e psicológico do seu filho, através de exemplos de boa convivência, existência de princípios morais e éticos na sociedade que vive, e, principalmente através da separação e diferenciação das relações parentescas.

Ou seja, ficará claro e definido para o menor que ele foi fruto do amor dos seus pais, mas que a relação marido e mulher em nada tem a ver com a relação pais e filho. Teremos sim a designação de um domicílio para que o menor tenha um referencial domiciliar. Mas isso não quer dizer que a residência do outro não possa ser considerada, também, como o lar do menor. Apenas se faz necessário estabelecer um referencial que poderá ser acordado entre as partes. Ok!

Mas e qual é a real diferença entre a guarda compartilhada e a guarda unilateral? Ao decidir pela guarda compartilhada, os genitores do menor deverão trabalhar em conjunto para que as necessidades daquele Ser sejam satisfeitas de maneira completa. Àquele que não teve seu domicílio escolhido como referencial para o menor, DEVERÁ continuar cumprindo INTENSAMENTE o poder familiar que lhe fora conferido a partir do momento em que se tornou pai ou mãe.

Essa intensidade deverá se dar através da participação direta do outro nas questões FUNDAMENTAIS da vida do seu filho. Ou seja, a única modificação efetiva para a guarda compartilhada seria a mudança de residência de um dos genitores. Assim, há de se prezar pela continuidade das atividades que faziam parte do cotidiano do menor, como: levar e buscar na escola, lazer nos finais de semana, acompanhamento escolar, acompanhamento médico, conversas do cotidiano, bom tratamento entre os pais, etc. Tudo no intuito e encaminhamento para a formação de um bom cidadão.

Um outro ponto positivo da guarda compartilhada, é que pelo fato de existir um bom relacionamento entre os pais do menor, pelo menos no que diz respeito aos interesse da criança, e pelo fato de extinguir a dicotomia exclusividade e visitação, ela tem por finalidade tentar extinguir o que conhecemos hoje por Alienação Parental (tema a ser abordado em outro post) que é responsável pelo surgimento de distúrbios psicológicos em crianças e adolescentes quando da tentativa de degeneração da relação de afeto entre o menor e o detentor do direito a visitação e fiscalização dos poderes do guardião.

Assim, a guarda compartilhada (a mais pedida em nossa carteira) seguindo o princípio Constitucional do melhor interesse do menor (artigo 227, CF de 1988; artigo 1º, ECA) em consonância com outros princípios constitucionais como o princípio da igualdade, da paternidade responsável e do planejamento familiar, deve ser entendida como regra, ficando a guarda unilateral como a exceção. Tudo em prol da excelência no desenvolvimento do menor! Paloma Mendes

 

sábado, 10 de agosto de 2013

Do caos ao cosmo com papai


Recife, 11 de agosto de 2013

Papai,

O dia em que nasci e lhe vi pela primeira vez parecia um caos. Tudo era muito estranho: a temperatura era uma que eu não estava acostumado, as coisas e pessoas apareciam e sumiam da minha frente, e, além disso, colocavam em minha boca um líquido estranho que eu não conhecia e me “machucavam” o tempo inteiro furando meu bracinho naquela UTI de hospital.

Confesso que fiquei apavorado! Quanto tudo estava calmo na minha vida intrauterina duas mulheres estranhas me puxaram da barriga da mamãe e a minha frente eu só via um homem grande que chorava a beça. Minha alternativa foi chorar também imitando o homem que não saia do meu lado.

De repente, esse homem se acalmou e me disse, pela primeira vez, que me amava. Nessa hora tudo ficou mais fácil, pois eu reconheci sua voz, meu pai, e lembrei-me de todo amor que sentia vindo de você quando ainda nem tinha nascido. Foi nessa hora, através de você, que tive certeza que todo aquele mundo caótico de início daria lugar a uma vida de muita felicidade.

Que sorte a minha tê-lo junto a mim ensinando-me que não há o que temer porque, nestes momentos difíceis, você estaria sempre ao meu lado me acalentando e me amando.

Com o passar do tempo as coisas foram se normalizando: eu fui reconhecendo minha casa, fui me acostumando com a temperatura, com as roupas, com os aromas e sabores desse mundo fora da barriga da mamãe.

Aos poucos aprendi a sorrir, aprendi a comer, a sentar, engatinhar, andar. Aos poucos aprendi a retribuir amor e fui capaz de lhe beijar pela primeira vez. Junto a ti aprendi a dizer as primeiras palavras, responder aos primeiros comandos e a brincar de forma sempre carinhosa e feliz!

Você me ensinou que bola é gol e ainda me fez dizer “Poti” já que Sport é muito difícil; você me ensinou que não é difícil se tornar um campeão, basta erguer os braços para o céu; me ensinou, ainda, que sempre que disser papai fale imediatamente mamãe, porque assim eu agrado aos dois; me ensinou a latir imitando um cachorro; me ensinou a ser feliz!

Por tudo isso, o caos inicial foi dando lugar ao cosmo e eu fui aprendendo como é bom viver numa família na qual eu sou amado e atendido por todos e é por isso, meu pai, que eu sou uma criança tão tranquila e feliz!

E assim, neste dia dos pais queria lhe dizer que você me trouxe do caos ao cosmo e eu lhe agradeço por isso! Te amo, meu pai. Deus foi muito generoso comigo dessa vez!

Tomaz

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ele tomou água de janeiro


Tom fez tudo num tempo muito particular... Sentou quando quis, engatinhou quando quis, andou quando quis e com a fala não tem sido diferente.
Embora balbucie desde muito pequeno, emitir palavras com intenção de fala não foi uma coisa que ele fez bem precocemente. É claro que teve muito “mamamamamama” aos seis meses; muito “papapapapa”aos cinco, mas nunca achei que nada disso era fala nem fiquei tentando fantasiar que meu filho era demasiadamente esperto e falava tudo o que bem queria. (Confesso que me divirto ao ouvir uma mãe de um bebê de meses ser tradutora de balbucios e viver tentando significar  o que o filho já fala).
A fala do Tom aconteceu dentro da normalidade e ele foi falando coisas que achava que devia. A primeira delas foi um “Mama” quando minha sogra dava banho nele, em plena semana santa, e ele queria meu colo. Esse “Mama” foi diferente de todos os outros sons emitidos, pois ele olhou para mim e me chamou com ele. O significado estava expresso na entonação, no olhar e na sonoridade da palavra!
Em seguida, seu repertório foi se ampliando e o mais interessante é que todas as palavras que ele aprendia já as falava corretamente, sem alterar em nada as suas pronúncias. Dos verbetes do Tom o primeiro  foi PEIXE, fazendo referência a uma canção do Xuxa só para baixinhos 10. Em seguida,  água, suco, macaco, baixinho, gagau, massinha (isso mesmo, ele fala massinha), bate-bate e chegou.
O engraçado é que as primeiras palavras do Tom não foram as mesmas das outras crianças e eu acho isso muito divertido, porque gosto de quem inova. Entretanto, meu coração materno, implorava que ele falasse mamãe repetidas e infinitas vezes, o que meu filho fazia questão de não fazer.
Por pura sorte, ontem fui almoçar em casa e quando o Tom olhou para mim e para o pai ele esticou o dedinho indicador e apontou primeiro para Pery falando: Papai. Em seguida, totalmente despretensioso, ele continuou apontando, só que agora para mim falando: mamãe!!! 

Meus olhos encheram de água e ele continuou com seu falatório pronunciando em alto em bom som não mais apenas uma palavra, mas sim uma frase: Papai Chegou. Ao ouvir isso tive certeza de que a fala tinha chegado para meu gordo e que assim como tinha acontecido com o desenvolvimento motor dele, a linguagem dele é bem particular: o menino que falava poucas palavras já era capaz de criar uma frase!
Esse Tom é assim... ele me ensina todos os dias que as pessoas são como são e eu o agradeço por isso. Te amo, meu filho! Obrigada por ser o melhor professor que já tive na vida! Ainda bem que não lhe dei água de janeiro, acho que agora estaria arrependida.   


domingo, 7 de julho de 2013

Coisas que eu não posso esquecer nº 2


 

         Ontem à noite foi a festinha de um ano do Artur, um amiguinho de Tom do prédio. Essa foi a primeira vez que Tomaz foi “O” convidado para um aniversário e nós, seus pais, estávamos apenas levando–o para uma programação toda sua.

Parece que meu pequeno sabia que a noite era sua. Digo isso porque Tomaz dorme, normalmente, às 19h30 e a festa iniciava às 18h. Isso foi, para mim e o pai, motivo de preocupação, visto que achávamos que ele não aproveitaria nada. Nossa ideia era que assim que chegássemos já estaríamos voltando para casa, trazendo na bagagem um bebê cheio de abuso. Ledo engano! Tom curtiu de montão...

De longe ele foi a criança que mais se divertiu na festa: piscina de bolinha, cama elástica, corrida para cá, corrida para lá, mais piscina de bolinha, mais cama elástica e, no meio disso tudo, muito sorriso no rosto.

 

Eu fiquei tão alegre vendo tudo o que ele estava aproveitando que nada pagaria a minha alegria de presenciar meu pequeno Tom explorando o mundo feito gente grande. Nenhum dinheiro valeria o que pude viver através da felicidade de meu filho! Meu bebê aprendeu a brincar e isso é apenas o começo de uma infância recheada de muita diversão!

Ver o tom aproveitar a primeira festinha que ele foi convidado não tem preço! Isso é, sem dúvida, uma coisa que eu não quero e não posso esquecer!


(Ainda bem que a foto tirada pela querida Laurinda Marques, fotógrafa oficial do meu pequeno Tom, me ajudará a eternizar esse mágico momento. Ela sabe deixar marcado para sempre a minha grande felicidade! Valeu, querida! Obrigada ao bebê Flash pela linda imagem!) 

 

domingo, 2 de junho de 2013

Coisas que eu não posso esquecer nº 1




Amo ser mãe e tudo o que meu Tom faz eu não quero e não posso esquecer. Entretanto, algumas de suas ações ocupam lugar especial nesse pódio do que eu desejo que fique gravado até a eternidade.
O post de hoje é sobre uma coisinha feita pelo gordinho que eu JAMAIS quero esquecer. Estes dias meu pequeno grande amor começou a demonstrar de forma autônoma que será um leitor (Para nossa alegria aqui em casa). Nossa que felicidade indescritível!!! A moda do gordinho agora é ir ao seu quarto, onde há prateleiras acessíveis a ele, buscar um livro para que qualquer adulto que está em casa leia para ele.
Como ainda não fala quase nada, Tom nos comunica o desejo da leitura entregando-nos o exemplar escolhido por ele e, em seguida, nos dá os braços para que o coloquemos em nosso colo e lhe contemos a história escolhida.
É lindo demais vê-lo decidir que quer escutar história e encontrar formas de comunicar isso. É lindo demais vê-lo se interessar pelo texto lido, pelas ilustrações vistas, pelo objeto chamado livro. É lindo demais ver que todas as histórias contadas para ele, ainda em meu ventre, estão sendo fundamentais para o desenvolvimento do meu filho. 


Tenho clareza que isso é fruto da cultura literária que criamos aqui em casa. Os livros fazem parte da rotina do Tom e estão à sua disposição. Não há reclamação quando ele rasga uma página nem quando amassa uma folha porque ainda não sabe manipular com destreza. O importante é que ele tenha contato e que, a sua forma, consiga explorar as leituras que desejar.
Além disso, não tem essa de agora não ou de dizer para ele que daqui a pouco nos contamos. Quando o pequeno deseja ouvir histórias nos o contamos, pois não dá para achar que uma criança se tornará leitora sem que os adultos da casa leiam para ela muita história.
O Rubem Alves, educador dos que mais admiro, nos diz que para despertar o prazer de ler na criança é preciso contar histórias, visto que “tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. A criança volta-se para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está a ler”. (ALVES, 2004)     
Aqui em casa estão todos empenhando na formação leitora do Tom. Vovó, titia, titio, priminhas, papai, mamãe... tá todo mundo contado histórias para o Tom. Basta que ele se aproxime de nós com um livro na mão para que qualquer um da família comece a contar o que está na livro. Esse final de semana, pelas minhas contas, já li 137 vezes Chapeuzinho Vermelho.
O melhor de tudo é que não há cansaço para isso!!!! Pode me pedir sempre que quiser, meu amor!!!! A mamãe estará sempre a sua disposição como intermediária entre você e as histórias que moram nos livros.  

Rubem Alves, Gaiolas ou Asas – A arte do voo ou a busca da alegria de aprender. Porto, Edições Asa, 2004

  

domingo, 19 de maio de 2013

1, 2, 3 e já!!!



Desde muito novinho meu pequeno Tom balbucia muitos sons. Justamente por isso achei que ele falaria cedo, já que o silêncio foi algo que ele tratou de acabar ainda bem cedo, quando não sabia, se quer, dar alguns passinhos de quatro pés.

Acontece que isso não aconteceu, porque aqui em casa tudo é ao tempo do Tom e as coisas acontecem apenas quando ele está maduro e preparado para fazê-las. Não gosto de muito treino, de ficar enchendo a cabeça da criança para que ela, parecendo um robô, faça aquilo que queremos.

Coisas do tipo: “o neto de minha amiga já faz isso”; “o filho da prima da vizinha de uma conhecida já faz aquilo outro” não tem muito espaço aqui em casa e eu detesto que venham criar expectativas em cima de meu filho, já que ele tem o tempo dele, o jeito dele e a forma dele lidar com o mundo.

Afirmar isso não é dizer que ele não é estimulado. Isso de forma alguma! Acompanho o desenvolvimento do Tom e faço o possível para que ele conquiste oportunamente os marcos de seu desenvolvimento. Oportunizo, não treino! Acompanho, não determino! Fico atenta e não enlouquecida!

E tem sido também de forma respeitosa que tenho tentado lidar com a espera das palavrinhas do Tom. Embora ele já esteja com 1 ano e 4 meses, ainda não tem “mamãe”, “papai”, “vovó” ou “titia” na trilha sonora daqui de casa. Tem sim um monte de sons que ele emite, mas que eu não tenho o desespero em traduzi-los. Acho engraçado quando algumas mães, na tentativa de significar os sons emitidos pelos filhos, tentam atribuir sentido. “Meu filho falou mamãe” isso quando a pobre criancinha tem apenas 6 meses.

Respeito que acredita, mas eu e o pai do tom tentamos não criar expectativas. Aqui em casa já teve muito : mamamamama, papapapapa, cacacacaca e até mesmo o A, E, I, O U que ele aprendeu na Galinha Pintadinha e pronunciou no mesmo ritmo em que as vogais apareciam neste DVD. Nós nos divertimos, mas não ficamos tentando ser o dicionário do Tom: ele disse isso! Ele disse aquilo!

Acontece que de 4 dias para cá parece que o pequeno tem falado sua primeira palavrinha consciente e ela não foi o substantivo que retrata nenhum membro da família. Sempre brincamos de nos esconder em casa e, quando vamos para trás do corredor,  eu e o pai dele dizemos: um, dói, três e já vou me esconder.

Para nossa surpresa em uma dessas brincadeiras o pequeno Tom completou a contagem, emitindo em alto e bom som um JÁ! Isso mesmo, quando fizemos, um dois, três e... ele veio de lá e completou a brincadeira: JÁ

Nossa que felicidade! Meu pequeno aprendeu não apenas a pronunciar uma palavra, mas a fazer isso numa situação específica, contextualizada. Para uma mãe-pedagoga não pode haver nada melhor que a aprendizagem do filho, sobretudo quando isso acontece num contexto específico de brincadeira.

Hoje a mamãe aqui tá mortinha de felicidade e, para comemorar, compartilha com vocês um texto sobre brincadeira e aprendizagem. Boa leitura!



Quando eu estiver, no quarto, construindo um edifício de blocos, por favor não diga que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco sobre equilíbrio e forma.

Quando eu estiver bem vestido, arrumando a mesa, cuidando do bebé, não tenha a ideia de que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Algum dia eu posso ser uma mãe ou um pai.

Quando você me vir até meus cotovelos na pintura, ou ajeitando uma moldura, ou moldando e dando forma à argila, por favor,  não me deixe ouvi-lo dizer que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou me expressando e sendo criativo. Algum dia eu posso ser um artista ou um inventor.

Quando você me vir sentado em uma cadeira “lendo” para uma audiência imaginária, por favor, não ria e não pense que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Algum dia eu posso ser um professor.

Quando você me vir recolhendo insetos ou colocando coisas que encontro no bolso, não os jogue fora como se eu “estivesse apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Algum dia eu posso ser um cientista.

Quando você me vir montando um quebra-cabeças, por favor, não pense que estou desperdiçando tempo “brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Estou aprendendo a concentrar-me e resolver problemas. Algum dia eu posso ser um empresário.

Quando você me vir cozinhar ou provar comidas, por favor não pense que estou aproveitando, que é “só para brincar”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou aprendendo sobre os sentidos e as diferenças. Algum dia eu posso ser um “chef”.

Quando você me vir aprendendo a saltar, pular, correr e mover meu corpo, por favor, não diga que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou aprendendo como meu corpo trabalha e algum dia eu posso ser um médico, uma enfermeira ou um atleta.

Quando você me perguntar o que fiz na escola hoje, e eu lhe responder: “Eu brinquei”, por favor não me entenda mal, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou aprendendo apreciar e ser bem sucedido no trabalho. Eu estou preparando-me para o amanhã, porque hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.


Anita Wadley