Toda mulher, depois que
engravida, é acompanhada de um desejo enorme de acertar. Aqui em casa as coisas
não são diferentes e, justamente por isso, me dedico com afinco às atividades
maternas, tentando, a todo custo, alcançar um patamar de sucesso que ao menos permita
que eu viva com uma culpa um pouco menor (já que a culpa é natural na
maternidade).
É justamente por isso que
tento ler um monte de coisa que aparece sobre maternidade e desenvolvimento e
hoje, em uma de minhas leituras, li algumas frases que jamais deveremos dizer
aos nossos filhos. A primeira delas era: Pare de
chorar! Nossa como ouvi isso quando era pequena... Não que tenha sido ma
criança chorona, mas era do tipo de temperamento forte e quando não conseguia o
que queria abria o berreiro. Minha mãe, que não tinha o temperamento diferente
do meu, tratava logo de conter aquilo que ela considerava bobagem e de forma contundente,
me dizia: ENGULA O CHORO.
Eu engolia e, aparentemente,
o problema tinha sido resolvido. Acontece que eu engolia o choro e junto com
ele vinha um sapo enorme que ficava engasgado bem no meio da minha garganta.
Por sorte o sapo descia. Mais
cedo ou mais tarde ele tratava de sair dali e, como minha mãe era muito
afetuosa, apenas essa ação dela não inibiu minha expressão dos sentimentos.
Acontece que, de modo geral,
esse tipo de comando é nefasto ao desenvolvimento humano, sobretudo se
considerarmos que ele é dado pela pessoa mais significativa para a criança: a
mãe.
É preciso levar em
consideração que a criança pequena irá descobrir o mundo pela ação física, pelo
movimento, pelas sensações. Assim, quem a livra dos perigos, quem a alimenta e troca
sua roupa é o adulto. Por tais motivos, os pequenos nos julgam como aquele que
tudo sabe, que tudo pode.
Dessa forma, quando esse
adulto constrói uma relação baseada em modelos educativos coercitivos, usando
comandos de ordem que inibem a expressão dos sentimentos, ele termina por
ajudar a “formar” filhos e filhas que acreditam que sentimento não é para ser
manifestado. Lembrem-se: para os pequenos nós sabemos de tudo!
Assim, crianças criadas
através do ENGULA O CHORO não conseguirão falar o que sentem em situações de
conflito, e, por isso, terminarão por escolher uma via de resolução de
conflitos que não estará pautada na perspectiva do diálogo (Poderão adotar as estratégias submissas ou violentas para resolverem seus problemas).
Conseguir expressar o que
sente é um ponto importante para que a criança não seja violenta não seja
submissa em suas relações interpessoais. É por isso, que antes de dizer: Pare
de Chorar! ou Engula o Choro!, deveremos orientar às crianças sobre formas mais
assertivas de resolução de conflitos usando a linguagem de maneira mais
adequada.
Uma boa alternativa seria:
Eu entendo que você está muito triste e por isso fala assim. Acontece que eu
não consigo entender enquanto você grita. Vamos tentar ficar mais calmos para
que eu entenda o que te deixou triste. Quando você conseguir falar usando palavras talvez eu consiga te ajudar.
Certamente, através da ajuda dos adultos, as crianças irão
aprender que o choro não é a melhor forma de expressar o que sentem e, aí,
passarão a falar de maneira mais controlada. Isso apenas é possível se o adulto da relação não usar linguagens próximas das que as crianças usam, com gritos, ataques de fúria e/ou violência física.
Pesquisadores de todo o mundo afirmam que as crianças educadas em um ambiente sociomoral cooperativo, ao julgarem dilemas hipotéticos, mostram-se mais sensíveis aos sentimentos alheios e, portanto, julgam de modo mais solidário do que as crianças de um ambiente autoritário. Isso porque neste ambiente sociomoral elas encontram respeito por seus próprios sentimentos e, com isso, aprendem a respeitar o dos outros.
Pesquisadores de todo o mundo afirmam que as crianças educadas em um ambiente sociomoral cooperativo, ao julgarem dilemas hipotéticos, mostram-se mais sensíveis aos sentimentos alheios e, portanto, julgam de modo mais solidário do que as crianças de um ambiente autoritário. Isso porque neste ambiente sociomoral elas encontram respeito por seus próprios sentimentos e, com isso, aprendem a respeitar o dos outros.
Aqui em casa eu NUNCA
mandarei Tom engolir o choro nem parar de chorar. Usaremos a conversa e, assim,
nos entenderemos. Direi para ele: a maneira como você está gritando não está ajudando. Prefere parar com isso ou prefere ir gritar e seu quarto? Com isso, instituímos o limite e, ao mesmo tempo, respeitamos a singularidade da criança. É isso que espero.