terça-feira, 22 de janeiro de 2013

EU VOU, EU VOU, PRA ESCOLA AGORA EU VOU!





É bem verdade que no Brasil o ano só começa após o carnaval. Mas acontece que nas escolas, em função do cumprimento dos necessários 200 dias letivos, isso precisa dar início no comecinho de fevereiro mesmo.
Com a chegada desse novo mês vem, para muitos, o retorno às aulas. Para outros, é chegado o momento iniciar a vida estudantil, visto que há crianças que estarão indo à escola pela primeira vez. Esse momento de ingresso no universo escolar é sempre bastante ambivalente, pois, normalmente, é permeado de alegrias e angústias que marcam tanto as crianças como seus pais.
As alegrias são fáceis de serem explicadas: as crianças poderão ampliar o universo de conhecimento o que é prazeroso para pais e filhos. Quem de nós não deseja ter um filho culto, inteligente, criativo, etc.? Todas essas virtudes ficam mais fáceis de serem conquistadas com a ajuda de uma boa escola e os adultos já sabem disso. Já as crianças, embora ainda não saibam, logo perceberão.
Já as angústias são mais complexas e difíceis de serem explicadas, justamente porque temos dificuldades para entender o que sentimos, assim como o que sentem nossos pequenos. Parece que diante de tantos benefícios gerados pelo ingresso na escola torna-se pecado sofrer por isso. Grande engano! O sofrimento é uma característica real além de importante e é com ele que temos que aprender a lidar.
Mas por que pais e filhos ficam aflitos neste momento? Em primeiro lugar a entrada da criança na escola é um momento de separação que, como todos os momentos dessa natureza geram sentimentos negativos que precisam ser bem compreendidos.
Por isso, pensemos primeiro naqueles que são sempre os mais importantes: nossos filhos. Entrar na escola coloca a criança, pela primeira vez, distante do espaço que ela domina: o seu lar. Além disso, a coloca, também, distante das pessoas significativas para ela: pais e familiares, o que amplia o sofrimento. Por isso, nesse momento difícil, a criança passa a vivenciar sentimentos negativos associados ao desconhecimento e insegurança.
Já os pais, possuem sentimentos negativos relacionados à perda, visto que, na maior parte das vezes, a entrada da criança na escola é a primeira grande separação que eles fazem dos filhos. Além disso, o ingresso da criança no universo escolar gera, nos pais, a constatação do crescimento do filho e é nesse momento que eles se dão conta de que o filho já não é mais um bebê dependente. Por mais que esse seja o ciclo natural da vida, isso gera muito sofrimento. Madalena Freire, grande estudiosa do assunto, chega a afirmar que é nessa ocasião que, simbolicamente, o cordão umbilical é cortado.
Por isso, levando em consideração que é uma etapa importante e sofrida no desenvolvimento materno/paterno, assim como no infantil também, é preciso ter cuidado para que as crianças possam se adaptar à escola antes de serem deixadas lá sozinhas contando apenas com a própria sorte. Esse momento será importante também para os pais que, podendo acompanhar os primeiros dias do filho na escola, poderão conhecer a rotina da instituição e, com isso, se sentirem mais seguros.
Por isso, na hora de escolher uma escola par seu pequeno, pergunte como é feita a adaptação das crianças e dos pais à instituição. Para ajudá-lo a encontra uma boa escola, algumas questões podem ser feitas aos profissionais da instituição:
· Como a escola se posiciona com relação ao período de adaptação? Levando em consideração as dificuldades desse momento, cabe a escola buscar minimizar o impacto negativo na vida das crianças e de suas famílias. Para isso, é necessário que essa instituição se configure como um ambiente favorável a parcerias.  
· Quanto tempo é dado para a criança e sua família se adaptarem à escola?  Uma instituição que se preocupa com o emocional da criança garante o tempo necessário a cada um. Dessa forma, levando em consideração que as pessoas são todas diferentes, não é possível trabalhar com prazos rígidos e pré-estabelecidos;
· Quem acompanha o processo de adaptação junto à criança? Permitir que pais e/ou cuidadores significativos à criança estejam junto durante a adaptação é bastante importante. Não podemos deixar nossos filhos numa escola que não permite que estejamos juntos facilitando o processo.

Além de realizar tais perguntas, é importante que os pais estejam atentos a forma como os relacionamentos interpessoais são estabelecidos na instituição. Não dá para perguntar se os professores são carinhosos com as crianças, pois, certamente, responderão que sim. Por isso, é importante atentar-se para a forma como os educadores interagem com as crianças, percebendo o quanto são afetuosos. Vale lembrar que ser afetuoso não é o mesmo que viver beijando ou abraçando, mas estar disponível para a relação com o aluno, se importando com ele, valorizando os seus sentimentos e dando-lhe atenção.
Por mais difícil que seja o período de adaptação escolar temos uma boa notícia: ele passa! Quando contamos com a ajuda de uma boa escola e de profissionais afetuosos ele passa mais rápido e deixando as menores marcas negativas que uma separação pode deixar.
Assim, para superar esse momento sem traumas, precisamos acreditar que quando a criança se adaptar à escola estará dando um grande passo no seu amadurecimento. Isso fará com que os pais fiquem mais seguros e, consequentemente, os filhos também.





Um comentário:

  1. Ótimas dicas Catarina, essa fase de adaptação é ainda mais difícil para os pais do que para criança, e se os pais não se sentir seguro com a instituição com certeza não irá passar segurança para o filho e sofrimento será ainda maior!!!

    Grande beijo ;)

    ResponderExcluir