quarta-feira, 29 de março de 2017

Ouvir e ser ouvido: o diálogo e a sua importância na educação dos filhos

No último post tratamos de questões que podem favorecer o envolvimento em situações de bullying. Ainda neste sentido, é importante falarmos sobre os sentimentos das crianças e do quão importante é reconhecê-los e valorizá-los. Isso porque a incapacidade de falar sobre si e suas experiências contribui para que crianças e jovens assumam posições de alvos e autores de bullying.    
É por isso que hoje eu inicio nossa conversa com o textinho da imagem abaixo:



Quem nunca sentiu raiva de alguém e não conseguiu expressar o que sentia? Quem nunca tentou expressar o que sentia e, ao fazê-lo, foi reprovado ou desencorajado? Observem que a criança do texto foi extremamente assertiva: explicou o que sentia, a repercussão do sentimento e, por fim, afirmou: mas eu ainda te amo.
Com isso ela evidencia uma maturidade enorme: alguns sentimentos são perenes, passageiros (como a raiva) e outros são mais sólidos e permanentes (como o amor entre pais e filhos). Os primeiros são menos relevantes que o segundo e poder falar sobre eles e tê-los reconhecidos contribui para segurança das crianças (continuarão a ser amadas mesmo com raiva, o que as permite amar ainda que envoltas pela fúria) e para o estabelecimento de relações de confiança.
Entretanto, para alguns adultos admitir que as crianças podem sentir raiva deles soa como desrespeito. Para alguns pais e mães os filhos não têm o direito de sentir raiva dos pais, como se experenciar este sentimento fosse uma decisão. Claro que não é! Nós não escolhemos quando nem de quem sentimos raiva. Não escolhemos o sentimento e, justo por isso, precisamos aprender a controlá-lo, a lidar com ele da forma mais assertiva possível.   
Quando são impedidas de verbalizar o que sentem, as crianças terminam por considerar inadequado o sentimento e, reprimindo-o, evitam o diálogo tão necessário para que consigamos estabelecer uma sociedade mais justa e solidária. Por reprimir o que sentem não contam com ajuda para ressignificar o que sinto e como isso se transforma em ação. Por exemplo: posso sentir raiva de você, mas não posso, mesmo assim, te bater. Então como agir sem queimar o outro quando estamos incendiados? Como agir sem deixar no outro a raiva que habita em nós?
Para agir de forma adequada precisamos nos atentar a qualidade da convivência que estabelecemos e, para que as relações sejam éticas, é preciso que seja desenvolvida a capacidade de dialogar.
Não há dúvidas de que viver eticamente demanda o desenvolvimento da capacidade de trocar argumentos, negociar e, com isso, resolver os conflitos através da palavra. Não sabemos negociar desde que nascemos, mas sim aprendemos nas relações que estabelecemos e, para isso, é urgente poder falar e ter seu sentimento reconhecido.
Ora, a família é nosso primeiro espaço de convivência e, com isso, terreno fértil para que os valores morais sejam pensados, refletidos, e não meramente impostos. Esta reflexão se dá, certamente, pela arte do diálogo.
Infelizmente tenho visto muitas crianças vítimas de bullying dizerem que não contam aos pais sua vitimização por indiferença (certa vez perguntei a um adolescente: “você contou a sua mãe o que lhe passa? ” Para minha surpresa o garoto pegou o celular e disse: “contei e ela ficou assim (mexendo no telefone) como se eu não estivesse dizendo nada”. O garoto ainda prosseguiu evidenciando o sofrimento dele: “se eu estivesse no lugar dela nem dormia sabendo o que acontecia com meu filho).
Outros afirmam que não contam por medo da reação de seus pais. Ouvi um relato de um adulto que sofreu bullying em sua infância dizer: “minha mãe dizia que não queria saber de eu chegar em casa apanhado. Com isso eu nunca mais lhe contei, mas continuei apanhando do mesmo jeito”.
E outros não contam pela incompreensão, pelos julgamentos ou pela dificuldade dos pais na escuta e na compreensão dos sentimentos. É comum quando a criança afirma que está triste os adultos lhe dizerem: “deixe de besteira, isso não é motivo para se entristecer”. Ora, se as pessoas são únicas, únicos também são os sentimentos delas diante das situações. Considerar algo como bobagem porque atinge as crianças é o mesmo de dizer a elas que os sentimentos delas não são relevantes.
Vejamos, se temos como objetivo que nosso filho seja justo, solidário, e respeitoso com os outros é urgente proporciona-lhe oportunidades de praticar tais valores, falando o que pensa e expondo seus juízos aos outros de forma assertiva. Se temos como objetivo a conquista do respeito mútuo, devemos acolher nossas crianças em ambientes nos quais elas se sintam amadas e valorizadas.  
Por isso, antes de criticar seu filho ou sua filha quando este lhe disser sentir raiva, escute-o com atenção e pergunte por quê? Diga que compreende o que ele sente, mas que foi necessário ter tal atitude (justificando a sua ação que deixou a criança com raiva). Com isso, você respeita a criança e continua firme na ação que julgou necessária tomar.
Caso ao ouvir a criança reconheça que errou, desculpe-se pelo que fez. Pedir desculpa não enfraquece sua autoridade perante o filho, mas, contrariamente, ajuda-o a perceber que todos seres humanos erram e podem se desculpar por isso.
O importante é que pais e mães desenvolvam atitudes de valorização do diálogo. Não negue o conflito usando expressões do tipo: Porque sim! Porque sou sua mãe! 
Qualquer pessoa é digna de ser ouvida e de ouvir (sobretudo aqueles que educamos), e ser, portanto, respeitada no reconhecimento e valorização de seus sentimentos. Não esqueçamos: o diálogo somente é possível quando as pessoas envolvidas se respeitam mutuamente. O objetivo do diálogo, em situações de conflito, é encontrar a solução justa, ou seja, evitar que se imponha a lei do mais forte, fazer com que os direitos de cada um sejam respeitados.
 Nesse sentido, nossas crianças poderão desenvolver competências de não violência, mas, também, de não submissão. Que sejamos capazes de educar filhos e filhas que aprendam a respeitar por se sentirem, também, respeitados. Há uma ponte entre a vida e a reflexão sobre a vida. Disso não tenho dúvidas. 

domingo, 26 de março de 2017

Como os pais e as mães podem favorecer o envolvimento do filhos em situações de bullying

Cada vez mais as estatísticas evidenciam o alto percentual de crianças e adolescentes envolvidos em situações de bullying e os impactos negativos que estas vivências trazem ao desenvolvimento de todos os envolvidos no ato violento, seja na posição de alvo, autor ou espectador. 
Diante do post do domingo passado, no qual eu relatava conflitos envolvendo meu pequeno, muitas pessoas mantiveram contato perguntando-me se meu Tom estava sofrendo bullying na escola. Posso lhes garantir que não. Primeiro porque não era uma coisa recorrente direcionada especificamente a ele. Segundo, porque a criança que estava batendo não tinha a intenção clara de fazer isso e agia, desse modo, por dificuldades com autocontrole. Terceiro porque a plateia (os outros coleguinhas da turma), não viam esta violência como algo de valor, valorizando o que agredia nem, tampouco, o Tom se via como responsável pelo ocorrido. 
Sim, para que uma violência seja bullying é preciso que ela tenha algumas características específicas: 

1- Ser repetida; 
2- Intencional; 
3- Numa relação de paridade (embora de poder desequilibrado); 
4- Praticado por um autor mal-intencionado, em relação a um alvo indefeso, diante de uma plateia que valoriza e reforça as violências. 

A situação de meu pequeno não se encaixava nestas especificidades do fenômeno e, por isso, era apenas um conflito eventual entre crianças que foi bem gerido pela escola e está em fase de resolução. (A escola tem proposto ações em que as crianças se ajudam, cuidam umas das outras, trocam conversas, desenhos e se responsabilizam de forma coletiva. Ou seja, a escola tem focado no clima entre os meninos e meninas e na qualidade do ambiente, o que favorece a superação dos conflitos e de toda forma de violência, incluindo o bullying).
Mesmo não sendo bullying, me coloquei a pensar e resgatar as pesquisas para pensar o que nós, como mães e pais, podemos fazer para que nosso filho não sofra bullying (nem pratique). Ou, ainda, quais as nossas características favorecem a formação de filhos alvos de bullying? Sim, eu sei que muitos fatores (psicológicos, sociais, culturais) influenciam uma pessoa estar ou não envolvida em situações de bullying na escola e sei que focar apenas nas relações pais e filhos pode ser um erro grande. Mas sei, também, que o papel dos pais é determinante e pode ser decisivo. 
Isso porque o bullying é um problema moral e, se queremos combater este problema, é preciso compreender o que os envolvidos nele valorizam em suas identidades e nas relações com os outros. Nesse sentido, a família contribui na construção dos valores que as crianças legitimam e precisam se repensar se querem, de fato, que os filhos não sofram na escola, mas, também, não causem sofrimento.
Por isso, o texto de hoje tratará deste assunto e de como nós e as formas que usamos para educar os pequenos contribuem para que eles sejam, ou não, vitimizados por seus pares nas relações que estabelecem na escola. Nos próximos tratarei do papel dos pais diante dos autores e dos espectadores da violência. Isso não quer dizer que estou desprezando as outras variáveis, mas, apenas, que estou refletindo sobre o papel dos pais. 
Com isso, a primeira reflexão é sobre o quanto somos super protetoras e resolvemos tudo pelas crianças. Aqueles que sofrem perante seus pares precisam se indignar diante dos maus tratos e agir. Não podem permitir que os colegas os agridam e têm que se desvencilhar destas ações reconhecendo que isso é possível.
Mães e pais super protetores não favorecem o desenvolvimento na criança de que ela é capaz de resolver seus problemas e agir diante das violências vividas. Não estou dizendo, com isso, que devemos deixar as crianças a própria sorte. Estou dizendo, apenas, que devemos encorajá-la a reconhecer, em sua paridade, condições de sair do conflito.
Desse modo, antes de ir na escola resolver pela a criança podemos dizer:
- O que você pode fazer para que isso não aconteça mais?
- O que você pode fazer para não deixar que ele lhe agrida?
Diante das respostas das crianças vamos treinando com ela habilidades importantes para superação do conflito: “diga-lhe que não sente medo dele!” “fale com o peito estufado: não deixarei que faça isso comigo!”
Além disso, podemos dizer: “Converse com a escola. Você fará isso sozinho ou precisa de minha ajuda?”. Vejam, com isso damos a criança oportunidade de escolher e decidir se precisa antes de dizermos: "vou na escola falar com sua professora!" Com estas colocações nos mostramos disponíveis, mas não resolvemos pelos filhos um conflito que lhes pertence. Ajudamos, mas não resolvemos, o que fará muita diferença.
Além disso, pais e mães perfeccionistas também podem favorecer no filho a posição de vitimizados. Isso porque, há nos que sofrem uma concordância a respeito da identidade pouco valorizada que os demais fazem sobre ele. Quanto mais perfeccionistas somos, mas temos dificuldades em olhar com valor o que o outro faz (incluindo nosso filho) e, com isso, terminamos por educar filhos inseguros e mais suscetíveis ao bullying.  
Desse modo, se queremos educar filhos e filhas que não sejam vitimizados pelos pares deveremos, também, cuidar da forma como nos relacionamos com nossas crianças e de como ajudamos a trabalhar a auto estima delas. Devemos lembrar que a criança é, ainda, pequena e que não consegue, muitas vezes, atender as nossas expectativas. 
Devemos lembrar, ainda, que os filhos não vieram ao mundo para suprir nossas frustrações nem, tampouco, para realizar nossos sonhos. Eles são pessoas que tem potencialidades e limitações e valorizar o primeiro e respeitar o segundo é muito importante. 
Além disso, pais e mães que fazem uso da violência na educação dos filhos também podem contribuir no desenvolvimento das crianças envolvidas em bullying na escola. Um estudo realizado na Universidade de São Carlos (clique aqui) evidenciou que a violência dos pais em relação aos filhos está associada ao envolvimento das crianças em situações de intimidações na escola. Isso porque, os participantes que declararam ter sido vítima de qualquer tipo de violência por parte da mãe tinham, aproximadamente, três vezes mais probabilidade de se envolver em bullying como alvo ou como alvo/autor e os que afirmavam ter sofrido violência do pai aumentava em 3,1 vezes a probabilidade de ser alvo de intimidação e em 4,3 vezes, de ser alvo/autor.
Estes são apenas alguns aspectos que nos mostram como agir na educação dos filhos para que eles não sofram bullying na escola. Podemos começar, por exemplo, abandonando a superproteção, o perfeccionismo e o uso da violência. Isso já ajudará bastante no desenvolvimento de crianças mais assertivas e na possibilidade de que elas consigam se desvencilhar do bullying na escola.
Quem tiver interesse sobre o tema, pode continuar fazendo leituras no site: Somos Contra o Bullying). 




quinta-feira, 23 de março de 2017

O que uma criança precisa saber aos cinco anos?

Tenho acompanhado, cada vez mais, pais angustiados para que seus filhos leiam rápido, escrevam rápido, façam contas de cabeça, etc. Parece que esperam que os filhos leiam aos quatro, falem inglês aos seis e, quiçá, mandarim aos oito.
 Além dessas expectativas contrariarem tudo que sabemos sobre desenvolvimento infantil na atualidade, elas geram uma ansiedade imensa que se potencializa, ainda mais, no contexto competitivo que vivemos. Compreendemos que toda essa ansiedade é fruto de uma vida cada vez mais competitiva que nos leva a acreditar ser preciso, sempre, sair na frente. Que angústia para esses pais! Que angústia, maior ainda, para as crianças que sofrem a pressão para que tudo seja rápido, muito rápido e precocemente (nuca falamos tanto em depressão e ansiedade infantil).
Bem, diferente do que acreditamos, sair na frente não é, sempre, garantia de que chegaremos primeiro (a Fábula da Lebre e da Tartaruga que o diga, não é?). Estudos já evidenciaram que a alfabetização precoce pode trazer mais prejuízos do que vantagens e, mesmo assim, não é raro encontrar pais angustiados porque o filho do vizinho de cinco anos já lê enquanto o dele ainda não. Além disso, quem garante que quem leu primeiro chegou na frente, não é?   
É nesse contexto que fico pensando muito sobre o que Tomaz, no auge de seus cinco anos, precisa, realmente saber. Para que eu não caia nesta paranoia (vigilância sempre atenta a isso), fiz uma lista de tudo que ele precisa aprender/saber nesta idade tão linda e curiosa em que ele está:

1-    Ele deve saber que é amado incondicionalmente pelos seus pais, mesmo quando estamos tristes ou bravos com ele;
2-    Ele deve saber que uma pessoa merece sempre respeito e que ele pode ter amigos mais queridos que outros, mas não pode destratar ninguém por suas preferências;
3-    Ele deve saber que ninguém vive só para si e, mesmo sendo egocêntrico em função da pouca idade, deve aprender que podemos cuidar uns dos outros e contar com os amigos em momentos difíceis;
4-    Deve saber que temos direitos e deveres e que é importante brigar pelos direitos e, ao mesmo tempo, cumprir as obrigações mesmo quando não queremos fazê-las;
5-    Ele precisa, aos cinco anos, entender que há regras na vida e, mesmo sem entender (ainda) os princípios que as regulam, tem o direito de que as regras sejam explicadas a ele e que ele pode fazer tais exigências (por que tenho que fazer isso?);
6-    Ele precisa aprender a brincar sem brinquedos, a usar a imaginação, a fazer avião com caneta, carrinho com caixa de papelão e espada com jornal;
7-    Aos cinco anos é importante que ele saiba seu nome e o quanto ele marca sua identidade (levando em consideração que a escrita é comunicação e que ele ainda não usa este tipo de linguagem em suas interações, basta que ele valorize seu nome, ainda não precisa escrevê-lo);
8-     Ele precisa saber que as crianças têm um modo próprio de pensar o mundo e que nós adultos faremos um esforço para reconhecer e valorizar suas formas de pensar;
9-    Ele precisa aprender que seus sentimentos são reconhecidos e valorizados e que os motivos que despertam tristeza nele são sérios e não bobagens de criança para nós;
10-  Ele precisa aprender que o prazer que sentimos ao compartilhar algo com alguém é infinitamente superior ao prazer de ter algo todo para nós.

E todas estas coisas que eu penso que meu pequeno precisa saber aos cinco anos ele não aprenderá numa mesa, sentado, fazendo a lição de casa. Ele aprenderá nas interações com seus pares, na convivência com seus familiares, na vida real de carne e osso. Não tenho dúvida, há muito mais sabedoria num montinho de areia do parque do que em todos os cursos de pós-graduação que fiz ao longo de minha vida. Se todos nós soubéssemos o quanto é importante conviver eticamente na escola e fora dela a vida seria bem mais justa e boa.
Pensando nisso e nas formas como podemos pensar a aprendizagem de nossos filhos ajudando-os a saberem o que realmente importa, finalizo este post com um texto do Rubem Alves que muito nos diz sobre a intervenção do adulto frente ao desenvolvimento das crianças:

“Sabe quando você tem duas taças de cristal? Elas estão em silêncio. Aí a gente bate uma na outra e elas reverberam sonoramente.
Uma taça não influenciou a outra. Uma taça fez a outra emitir o som que vivia, silencioso, no seu cristal.
Assim é a educação: um toque para provocar o outro soar a sua música”.

Que sejamos sempre a taça que leva o outro a soar sua música, compreendendo que cada idade tem uma trilha sonora que deve ser ouvida e valorizada nas suas diferenças, nas suas particularidades.



segunda-feira, 20 de março de 2017

Festa Infantil das Tartarugas Ninja

Como todos os anos, neste comemoramos a vida do Tom com muita alegria e animação. Entretanto, a festinha deste ano teve um caráter especial: foi feita da forma como ele queria, pensando exclusivamente nas crianças e no que elas gostam de viver: um mundo de brincadeiras. 
Nesta festa tentei unir a alegria e economia, já que vivemos tempos de crise e não podemos gastar muito. Por isso, fiz a festinha no dia certo do aniversário dele, uma segunda-feira à tarde. Como meu pequeno nasceu em janeiro, as crianças estão sem atividades durante a semana e ter uma festinha de aniversário para ir termina sendo uma oportunidade boa tanto para elas como para os pais. 
Levando em consideração o dia escolhido e o fato de muitos pais não estarem de férias, informei no convite que os pais que não pudessem participar poderiam deixar os filhos que nós nos responsabilizaríamos. Foi isso que ocorreu. Aqueles que puderam ficar participaram da festa e os que não tinham condições deixaram as crianças sob nossa responsabilidade. 
Tudo transcorreu na maior harmonia e tranquilidade e nós conseguimos conduzir a festa com a ajuda do recreador e de todos que ficaram conosco nesta tarde especial. 
Este ano o tema escolhido pelo Tom foram as Tartarugas Ninjas. Eu não gosto muito delas, mas ele ama e isso é o que importa. Como no ano anterior, adotei como design para a festa a imagem das Tartarugas criança (em alguns lugares chamam de Tartarugas Ninjas Cute ou bebês), achando que isso deixaria a festa mais infantil, adequada a idade dele. O resultado ficou muito legal e eu adorei.


Por isso, neste post eu tenho o objetivo de compartilhar os detalhes da festa, ajudando outras mamãe  que, como eu, adoram fuçar a internet em busca de detalhes para deixar o dia D dos nossos filhos ainda mais especial.
A casa de festa escolhida para este ano foi No Quintal que fica em Casa Forte. Foi a primeira vez que fizemos uma festa neste espaço e eu AMEI! Tudo é muito legal lá, um espaço ao ar livre que tem cara do quintal de casa e da festa que foi feita a moda antiga.





 O horário escolhido foi de 13h30 às 17h30 que além de ser bem conveniente às férias da criançada tem um desconto bem legal oferecido pela casa de recepções. A casa conta com espaço, decoração e mesas com cadeiras. o Buffet fica por conta dos pais do aniversariante, embora eles façam sugestões. Conta, também, com um painel onde as crianças podem pintar, o que foi uma alegria a mais. 



Como a regra deste ano era economizar, fizemos em casa o bolo e os docinhos. Os salgador encomendamos no Empório, que entregou tudo novinho e delicioso na casa de festas um hora antes do evento começar. 
A decoração ficou a cargo da Vovó do Tom e da Madrinha dele, com a minha humilde ajuda, já que não sou muito habilidosa para atividades manuais. Os móveis em madeira já fazem parte do pacote da locação do espaço e deram conta do que eu precisava neste ano. Os suportes da mesa foram locados na 4Cake e tiveram desconto de 20% já que a festa era No Quintal (Isso facilitou que eu também não pagasse o frete dos materiais). 





Como este ano o orçamento estava apertado (o que virou quase que uma coisa generalizada na atual crise econômica brasileira), decidimos colocar a cuca para funcionar e criamos um monte de coisa legal. Uma ideia bacana foram as bolas das Tartarugas que ficaram muito legais e de baixo custo. Como a festa era ao ar livre e à tarde, não colocamos mais balões além destes decorativos ao lado da mesa principal. 



Para evitar que as bolas voassem, já que eram poucas e não usamos gás hélio, fizemos uso de um suporte de varetas para balões fixos que pode ser comprado pela internet (http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-797308132-suporte-com-5-varetas-pbalo-bexiga-bolas-_JM). O acabamento foi feito com fitas de cetim onde colamos olhos comprados em lojas de artesanato para bonecas. 
Outra coisa que é linda de morrer e que todo ano fazemos nos aniversários do Tom é o brigadeiro de colher. Para ele fizemos brigadeiro e colocamos em copinhos onde, por fora, decoramos com uma fita vermelha com olhinhos comprados prontos em lojas de artesanato.  


 O bolo foi feito pela Madrinha do Tom e o topeer do bolo por Lunê Personalizados. 



    

Os doces Personalizados foram obra das Mãos de Fada que tem uma modelagem perfeita e trabalha com qualquer tema que você solicitar. 








As sacolinhas foram bem simples, daquelas coloridas que vendem no centro da cidade. Como queria que mesmo as coisas simples tivessem um ar mais bem cuidado, inseri uns adesivos mandei fazer com Lunê Personalizados e que ficaram lindas demais! Super amei!
Lunê personalizados também foi responsável pelos personalizados. Pensem num trabalho delicado e cheio de detalhes, vendido por um preço bastante justo. 










Os brigadeiros Gourmet ficaram por conta de Lala Brigadeiros que arrasou com a qualidade e simpatia no atendimento às crianças. 



O Divertimento ficou a cargo de Tio Lulão que faz a alegria da criançada de uma forma toda especial. 





Um detalhe todo especial foi o painel ilustrado por Paulo que ficou um espetáculo a parte. 










Alguns Contatos Úteis: 

- Tio Lulão - 987755242
- 4 Cake/No Quintal - 999993383
- Lunê Personalizados - 995725062
- Lala Brigadeiro - 986133658
- Paulo Ilustrador - 995027776





domingo, 19 de março de 2017

O que fazer quando meu filho apanha na escola?

Estes dias soubemos que Tomaz estava apanhando de um coleguinha na escola com certa regularidade. Como aconteceria com todos os pais, nós nos preocupamos muito com o fato e nos angustiamos em sabermos que nosso filho estava sofrendo justo em um espaço no qual deveria ser protegido.
Entretanto, como uma pessoa que, além de mãe, estuda o tema em questão, não me desesperei e tratei de racionalizar sobre as maneiras de ajudar meu pequeno a sair desta situação tão delicada e difícil. Foi então que algumas questões vieram a minha mente:
1-    Ele precisa se defender!
2-    Acreditar na necessidade de defesa não significa induzi-lo a bater também na outra criança (não devo aproximar Tomaz daquilo que condeno nas outras pessoas. Afinal, bater não é ruim apenas quando ele sofre, mas, também, quando ele pratica);
3-    Devo falar com a escola para que ela se implique na resolução do problema.
A partir destas questões começamos a agir. Falamos com a escola que passou a olhar para situação com mais atenção. Não era apenas um conflito eventual entre crianças, mas um fato recorrente que estava trazendo consequências negativas ao meu pequeno. Não exigi que a escola fizesse algo, mas busquei parceria da instituição para que ela inserisse em seu currículo a gestão dos conflitos como uma necessidade não apenas para Tomaz, mas para todos que ali estão.
Também empoderamos Tomaz, levando-o a perceber que ele deveria agir, não permitindo que o colega fizesse isso com ele. Não queremos filhos violentos, mas não podemos deixar que ele seja submisso a uma situação tão nefasta. Para isso, a primeira pergunta que lhe fizemos foi:
- O que você pode fazer para que ele não faça mais isso com você? (falamos isso de forma séria, para que ele percebesse que não gostamos nada do fato dele estar apanhando de alguém).
Imediatamente ele nos respondeu:
- Fugir!
Sim, respondemos a ele que poderia fugir e perguntamos: o que mais?
Como ele não conseguiu pensar em mais nenhuma alternativa, fomos levantando, ainda, outras possibilidades. Deixamos claro que ele não deveria se submeter às violências e fomos firmes em dizer que não queríamos que ele apanhasse de ninguém, porque não se bate nas pessoas.
Eu lhe disse: 
- Não quero que você apanhe de ninguém! Não podemos deixar que isso aconteça!
Então ele percebeu minha indignação e, heterônomo como é (Tomaz só tem cinco anos. Não tem nenhuma condição de ser autônomo moralmente e, por isso, ainda necessita muito da figura de autoridade para se indignar) percebeu que a coisa não estava certa. 
Então fomos, juntos, pensando em formas de agir nesta situação. Dentre as possibilidades levantadas lhe dissemos:
- Diga a ele que não sente medo dele, que ele não pode lhe bater!
-Segure o braço dele e diga que ele não lhe baterá mais!
- Seja firme com ele: estufe o peito e lhe diga: eu não tenho medo de você!
- Peça ajuda aos seus amigos! Em grupo você está mais forte.
Com isso fomos treinando com ele habilidades mais assertivas de resolução de conflitos, mostrando-lhe que poderia se defender, que ele tinha condições para isso e não poderia se submeter às agressões do colega. É muito importante mostrar isso a criança, pois alguém que está sofrendo com frequência não consegue, sozinho, enxergar possibilidades de sair daquela situação.
Com isso, Tomaz foi se empoderando e, no dia seguinte, se defendeu. Após agir, chegou em casa nos contando:
- Vocês ficarão muito tristes comigo! Quando fui segurar o braço de “fulaninho” minha unha bateu no rosto dele e ele chorou. Até saiu um pouco de sangue.
Imediatamente lhe dissemos:
- Não estamos tristes com você, meu filho. Entendemos que foi a única coisa que você conseguiu fazer neste momento. Mas o que poderá fazer em outros para não machucar de novo o amigo e nem deixar que ele lhe bata?!
Com isso nós reconhecemos o sentimento dele e, ao mesmo tempo, deixamos claro que bater não é uma estratégia que devemos legitimar como a melhor opção, embora ele tenha recorrido a ela. Evidenciamos, também, que ele não deve bater, mas que não pode apanhar.
Foi então que ele nos disse:
- Vou falar firme a ele: não tenho medo de você!
Assim, e a partir de outras formas, ele foi encontrando o caminho, foi enfrentando o problema. Pediu ajuda aos amigos, falou firme com o colega, segurou o braço dele e, com isso, tem conseguido se defender. Perguntei a ele se tem melhorado e ele disse:
- Sim, mamãe! Ele quase não bate mais.
Nenhum de nós queremos que nosso filho apanhe na escola. Mas ajudar a passar por isso de forma assertiva é uma responsabilidade que todos nós devemos assumir. Devemos entender que Tomaz também aprende com isso e que uma situação de convivência é privilegiada para manifestação dos conflitos e, também, para sua superação.
Devemos, então, manter a razão diante de uma situação como essa e ponderar o que é razoável diante do caos. Se abominamos que nosso filho apanhe, porque o ensinamos a bater? Sim, as vezes ele fará isso por falta de recursos, por ser a única possibilidade. Não iremos puni-lo por se defender, mas iremos, juntos, encontrar outras formas de defesa que não seja pela via violenta. Se o adulto legitima o uso da violência como uma estratégia adequada de resolução de conflitos a crianças vai recorrer a ela não como última das alternativas, mas como a melhor das possibilidades.  
Assim, se queremos ajudar as crianças vamos: 
1- Reconhecer o sofrimento delas; 
2- Ajudá-las a encontrarem estratégias de enfrentamento; 
3- Se mostrar disponível para colaborar junto com a escola: Você vai falar com sua professora ou precisa da minha ajuda para isso? 
O importante é que ajudemos nossas crianças a viverem numa sociedade sem submissão, mas, também, sem violência.