Amo ler,
sobretudo poesia, porque as palavras me fazem percorrer por ideias inusitadas
e, boa parte delas, é capaz por promover uma melhora em mim (eu sei que vocês
já sabem disso, mas não custa repetir)
Foi realizando uma dessas minhas viagens
literárias que tive o privilégio de ler um texto que me fez refletir muito e,
justamente por isso, resolvi postar aqui para que ele possa fazer o mesmo por
vocês.
O texto em
questão trata de um tema muito caro para nós que somos mães: as necessidades
dos nossos filhos. A melhor parte do texto é que ele foge do óbvio e nos leva a
necessária constatação de que, assim como cantou o Titãs, nossas crianças não querem
e não precisam apenas de comida, mas sim de comida, diversão e arte.
Acontece que o
texto aqui em questão amplia a ideia defendida acima, nos fazendo pensar no
toque, nas trocas, na cumplicidade, na interação... componentes fundamentais
para um desenvolvimento sócio-emocional de qualidade. Eis o texto:
Nutrir
a criança?
Sim
Mas
não só com o leite.
É
preciso pegá-la no colo,
É
preciso acariciá-la, embalá-la
E
massageá-la.
É
necessário conversar com sua pele,
Falar
com suas costas,
Que
têm sede e fome,
Como
sua barriga.
(Frédérick
Leboyer)
E foi lendo estas
poucas palavras que pensei: Tomaz tem fome de que? Tomaz tem sede de que? Nossa,
que coisa mais complexa... As ideias não pararam de girar em minha mente e
a inquietude eterna dessa mãe ficou ainda mais intensa.
Certamente ele tem sede
e fome de um monte de coisa. Ele tem fome/sede de brincar, porque aprende a
conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e, sobretudo, aprende a ser.
Ele tem fome/sede de
atenção, porque é através de mim, do pai e de todo mundo que convive com ele
que o mundo passa a ser descoberto... que as convenções sociais passam a ser
adquiridas e ele consegue se construir melhor com um sujeito social.
Ele tem fome/sede de
fome de brinquedo, porque é através desses objetos que ele pode se comportar de
formas variadas, indo além do comportamento habitual de sua idade, crescendo e
se desenvolvendo pelo desequilíbrio que o brinquedo provoca.
Ele tem fome/sede de
carinho, porque através do toque meu sobre ele e no toque dele sobre mim que ele
pode se sentir mais confiante em receber amor e dar amor, que, sem dúvidas, é a
razão maior pela qual estamos no mundo.
Ele tem fome/sede de
arte, porque através da arte ele desenvolve a sua sensibilidade, a imaginação,
a percepção, a intuição e a inteligência, sensibilizando os seus olhos para ver
o mundo em cores mais vivas do que as que temos visto.
Resumindo, ele tem
fome/sede de vida, de experiências de relações, porque a vida é feita de gente
e as variadas gentes são feitas de carne e de sentimento. Se meu filho for
tendo ao longo da vida todas essas fomes/sedes atendidas, certamente ele
conseguirá entender o real significado da palavra humano.
Meu filho, para viver temos que comer/beber mais do que nossos pão de cada dia (no seu caso, o leite de cada dia.)