domingo, 19 de maio de 2013

1, 2, 3 e já!!!



Desde muito novinho meu pequeno Tom balbucia muitos sons. Justamente por isso achei que ele falaria cedo, já que o silêncio foi algo que ele tratou de acabar ainda bem cedo, quando não sabia, se quer, dar alguns passinhos de quatro pés.

Acontece que isso não aconteceu, porque aqui em casa tudo é ao tempo do Tom e as coisas acontecem apenas quando ele está maduro e preparado para fazê-las. Não gosto de muito treino, de ficar enchendo a cabeça da criança para que ela, parecendo um robô, faça aquilo que queremos.

Coisas do tipo: “o neto de minha amiga já faz isso”; “o filho da prima da vizinha de uma conhecida já faz aquilo outro” não tem muito espaço aqui em casa e eu detesto que venham criar expectativas em cima de meu filho, já que ele tem o tempo dele, o jeito dele e a forma dele lidar com o mundo.

Afirmar isso não é dizer que ele não é estimulado. Isso de forma alguma! Acompanho o desenvolvimento do Tom e faço o possível para que ele conquiste oportunamente os marcos de seu desenvolvimento. Oportunizo, não treino! Acompanho, não determino! Fico atenta e não enlouquecida!

E tem sido também de forma respeitosa que tenho tentado lidar com a espera das palavrinhas do Tom. Embora ele já esteja com 1 ano e 4 meses, ainda não tem “mamãe”, “papai”, “vovó” ou “titia” na trilha sonora daqui de casa. Tem sim um monte de sons que ele emite, mas que eu não tenho o desespero em traduzi-los. Acho engraçado quando algumas mães, na tentativa de significar os sons emitidos pelos filhos, tentam atribuir sentido. “Meu filho falou mamãe” isso quando a pobre criancinha tem apenas 6 meses.

Respeito que acredita, mas eu e o pai do tom tentamos não criar expectativas. Aqui em casa já teve muito : mamamamama, papapapapa, cacacacaca e até mesmo o A, E, I, O U que ele aprendeu na Galinha Pintadinha e pronunciou no mesmo ritmo em que as vogais apareciam neste DVD. Nós nos divertimos, mas não ficamos tentando ser o dicionário do Tom: ele disse isso! Ele disse aquilo!

Acontece que de 4 dias para cá parece que o pequeno tem falado sua primeira palavrinha consciente e ela não foi o substantivo que retrata nenhum membro da família. Sempre brincamos de nos esconder em casa e, quando vamos para trás do corredor,  eu e o pai dele dizemos: um, dói, três e já vou me esconder.

Para nossa surpresa em uma dessas brincadeiras o pequeno Tom completou a contagem, emitindo em alto e bom som um JÁ! Isso mesmo, quando fizemos, um dois, três e... ele veio de lá e completou a brincadeira: JÁ

Nossa que felicidade! Meu pequeno aprendeu não apenas a pronunciar uma palavra, mas a fazer isso numa situação específica, contextualizada. Para uma mãe-pedagoga não pode haver nada melhor que a aprendizagem do filho, sobretudo quando isso acontece num contexto específico de brincadeira.

Hoje a mamãe aqui tá mortinha de felicidade e, para comemorar, compartilha com vocês um texto sobre brincadeira e aprendizagem. Boa leitura!



Quando eu estiver, no quarto, construindo um edifício de blocos, por favor não diga que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco sobre equilíbrio e forma.

Quando eu estiver bem vestido, arrumando a mesa, cuidando do bebé, não tenha a ideia de que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Algum dia eu posso ser uma mãe ou um pai.

Quando você me vir até meus cotovelos na pintura, ou ajeitando uma moldura, ou moldando e dando forma à argila, por favor,  não me deixe ouvi-lo dizer que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou me expressando e sendo criativo. Algum dia eu posso ser um artista ou um inventor.

Quando você me vir sentado em uma cadeira “lendo” para uma audiência imaginária, por favor, não ria e não pense que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Algum dia eu posso ser um professor.

Quando você me vir recolhendo insetos ou colocando coisas que encontro no bolso, não os jogue fora como se eu “estivesse apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Algum dia eu posso ser um cientista.

Quando você me vir montando um quebra-cabeças, por favor, não pense que estou desperdiçando tempo “brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Estou aprendendo a concentrar-me e resolver problemas. Algum dia eu posso ser um empresário.

Quando você me vir cozinhar ou provar comidas, por favor não pense que estou aproveitando, que é “só para brincar”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou aprendendo sobre os sentidos e as diferenças. Algum dia eu posso ser um “chef”.

Quando você me vir aprendendo a saltar, pular, correr e mover meu corpo, por favor, não diga que eu “estou apenas brincando”, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou aprendendo como meu corpo trabalha e algum dia eu posso ser um médico, uma enfermeira ou um atleta.

Quando você me perguntar o que fiz na escola hoje, e eu lhe responder: “Eu brinquei”, por favor não me entenda mal, já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco. Eu estou aprendendo apreciar e ser bem sucedido no trabalho. Eu estou preparando-me para o amanhã, porque hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.


Anita Wadley

3 comentários:

  1. me segue , TO TE SEGUINDO ,amei o blog ;);)

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  2. Cada um tem seu tempo, e com as crianças isso precisa ser respeitado. Muito bom o texto.

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  3. Sou a mais pura prova de que cada um tem seu tempo. Tenho gêmeos, um anda desde 1 ano e 1 mês. O outro começou a andar há um mês, com 1 ano e 7 meses, e ainda prefere engatinhar. O que não anda muito bem, já fala algumas palavras, já o outro não. Cada um tem seu tempo, o que importa é que estão evoluindo, aprendendo e crescendo sem pressão. Mas o pai tá ansioso para que eles falem kkkkkk Letícia Garcia

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