sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Você conhece o que Infantolatria?

Esta semana li um texto sobre infantolatria e, realmente, fiquei muito incomodada com o conteúdo discutido. Isso porque o autor define o termo estranho (que possui por si só um ar de crítica) como a instituição da mãe como súdita do filho e o adulto se colocando absolutamente disponível para a criança.
Me deu um mal estar com os argumentos defendidos, visto que eu acho que é dever do adulto estar disponível para a criança (já que elas necessitam psicologicamente e fisicamente dele), o que é muito diferente de colocá-lo na posição de súdito do filho.
Ao meu ver, quando uma criança nasce, vem com ela uma nova configuração para todos: pai, mãe, avô, avó que, em função deste nascimento, se organizam e passam a viver diferentemente. Não há como retroceder, pois existe, agora, uma criança na casa.
Toda essa mudança em minha família foi muito natural. Não me sinto sufocada ou abrindo mão de algo que queira, porque eu apenas desloquei prioridade e reorganizei minha rotina.Sim, as vezes não vou ao salão e sinto falta, mas não é uma perda entende... é minha vida se reorganizando porque há outras coisas a fazer (que me dão mais prazer ou são mais importantes) e não a tirania do meu Tomaz me ordenando.
Sinceramente não vejo como negativo o fato da minha TV ser quase que exclusivamente ligada na Discovery Kids, pois eu não estou competindo com meu pequeno um lugar ao sol no sofá da sala. Aqui em casa podemos, tranquilamente, negociar isso e, quando não é feito, é porque achamos que vale a pena deixá-lo escolher e curtir a TV (até porque curtimos junto).
Ora, não tem como: preciso discordar (ou me julgar doente), pois não quero e não vou me convencer de que numa família com relacionamento saudável é aquela na qual o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à rotina dos adultos. Para mim, saúde mesmo é quando todos se adaptam uns aos outros e, justo por isso, aprendemos a conviver.
Realmente vou ter dizer que a crítica feita a infantolatria, anunciada a partir de argumentos tão frágeis, se pautam em concepções adultocentricas e negam que as crianças possuem especificidades muito próprias da infância. As teorias do desenvolvimento já nos ajudam a entender isso e compreender que evoluímos como sujeitos tanto quanto as experiências sociais e afetivas nos permitem.
Por fim, destaco que um relacionamento familiar não é um cabo de guerra, no qual de um lado ficam as crianças e do outro os adultos. Uma família saudável se configura a partir do reconhecimento que todos juntos formam um todo, mas que cada parte do todo deve ser reconhecida e respeitada. Principalmente as crianças.

Bem, se isso for infantolatria, sou uma infatólatra assumida e que não está a procura de recuperação. 

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