quinta-feira, 5 de junho de 2014

Tom está aprendendo que não há coisa de menino...


Nos planos que eu faço para o Tom não estão os de que ele seja bem sucedido, rico e casado com a mulher mais bonita. No meio dos planos que faço para ele, estão aqueles que se voltam à possibilidade de que meu filho seja feliz e, por isso, tento oferecer ao pequeno uma educação pautada em valores que sejam morais, não sexistas e de base humanística

Meu maior anseio não está relacionado ao valor de salário que o meu filho terá, porque dinheiro, para mim, serve para atender as necessidades e não para trazer-me felicidade. Por isso, e pensando que assim também será para o Tom, busco oferecer a ele uma formação não sexista, cuja equidade de gênero seja uma realidade.

E isso começa do básico! Tom brinca de carrinho, boneca, panelinha ou jogo de encaixe, porque possui, entre os que têm acesso, todos estes. Aqui em casa não há brinquedos de menino ou de menina... Há brinquedos com os quais se pode se divertir.

Também não há sempre tudo azul, porque a cor tem a ver com momento, com finalidade, com desejo. Ele pinta de rosa, de azul, de verde e de qualquer cor que ele desejar que faça parte de suas artes, de sua vida.

Não há um monte de super-heróis... Em seu quarto há poesia, há brinquedos e há muito amor para que ele se sinta acolhido e possa achar que beijar e abraçar os outros é coisa de menino e de menina.

Faço isso porque acredito que crianças que aprendem que meninos e meninas devem ter direitos, deveres e oportunidades iguais serão adultos que saberão respeitar o outro, independentemente do fato de ser homem ou mulher. Isso me importa: realmente quero que meu filho aprenda a respeitar e incorpore isto a sua personalidade.

É nesta meta que temos trabalhado aqui em casa e ontem, ao ver o desenho da Pepa Pig, a porquinha famosa do momento, me animei ao ter certeza de que há programação para crianças que já transmitem esta mensagem.

Isso ficou claro no episódio nomeado de "Primeira aula de balé", cujo nome já anunciava que trataria do primeiro encontro da porquinha com este tipo de dança. No episódio em questão, ao chegar na escola de dança, Pepa encontrou-se com todos os outros animais que atuam no enredo, independentemente de serem meninos ou meninas. O que o autor de Pepa evidenciou, neste desenho, foi o fato de balé ser uma dança, ser arte e, por isso, poder ser executado por qualquer pessoa, independentemente do sexo.

Ainda nesse episódio da trama ,a porquinha voltou ao lar e quis mostrar à sua família os passos aprendidos na aula. Neste momento, embora toda família estivesse na sala, foi seu pai que a ajudou, verbalizando os nomes dos passos de balé que ela tinha esquecido e reproduzindo-os junto com Pepa, da forma mais natural e tranquila que pode ser uma relação entre pai e filha. Isso me alegrou!

Ainda para aumentar minha alegria, logo após o episódio citado, teve início outro cujo tema era a importância de lavar o carro - objeto que, em nossa sociedade, serve para reafirmar estereótipos de gênero. 

Nesta história, o Papai e a Mamãe Pig agiam igualmente, lavando todo o automóvel. Quando ele ficou bem limpinho, foi dirigido pela mamãe e não pelo papai, como acontece na maioria dos filmes e desenhos infantis.

Ver estas cenas me alegraram a alma. Realmente, espero que meu pequeno entenda que as tarefas domésticas são atribuições tanto do pai quanto da mãe, assim como tanto o pai quanto a mãe têm capacidade de lavar e dirigir o carro.

Sei que essa forma de ver a vida não se dá por um passe de mágicas, mas com uma rotina na qual estereótipos de gênero possam ser rompidos. A menina linda, loira e bailarina, que está entre as ideias que ressaltam o preconceito em relação aos papéis masculinos e femininos na sociedade, devem ser abominados, dando origem a pessoas normais, com suas belezas e preferências, que dançam e são felizes.

Aqui em casa temos tentado esta ruptura. Ainda bem que a Pepa também tem nos ajudado e que o Tom tem o exemplo de um pai que é maravilho e, além de tudo, um grande homem... Tão grande, que não precisa ser machista.
 

3 comentários:

  1. Cata, post lindo! Que o mundo tenha mais pepas, mães iguais a você e pais não machistas. Foto linda demais!

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  2. Lindo demais. Queria ter sido criada da mesma forma, mas infelizmente, só quem lavava os pratos era eu, pois era menina. Meu irmão claro, tinha pernas e braços, só não tinha a cabeça que seu pequeno terá.

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  3. Sempre aprendendo com você, minha eterna Professora.

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