Nossa,
a maternidade sempre mexeu demais comigo, porque ela era, simultaneamente, uma
mistura de carga suave e pesada demais. Explico melhor essa questão: sempre
achei que ser mãe era a melhor coisa do mundo, ao mesmo tempo em que era a mais
difícil.
Que
orgulho sentia eu da minha mãe que, mesmo com todas as dificuldades da
maternidade e da vida em geral, sabia ser uma mãe maravilhosa, generosa e
dedicada. Pra mim, ela era (e ainda é) um exemplo claro das mulheres que dão
conta da maternidade
Será,
pensei eu, que darei conta de ofício tão difícil? No meio dessa crise
existencial, eis que leio o poema Enjoadinho do Vinícius de Moraes (amo
poesia, por isso, vez ou outra, elas estão presentes nesse blog). A poesia em
questão traz a seguinte reflexão:
Filhos...
Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Hoje, no dia que meu pequeno
Tomaz faz 4 meses, eu tenho que discordar parcialmente do poema de Moraes,
afirmando: Filhos, melhor tê-los! Todo o restante é verdade: as noites em
claro, os prantos convulsos, o cocô cada vez diferente e, até mesmo, o fogo no
quarteirão.
Mesmo assim, melhor tê-los.
Não apenas por eles, mas por nós mesmas, que passamos a entender que não éramos
quase nada antes deles chegarem. É muito louco mesmo, mas, apesar de toda
aporrinhação (Nem sempre consideramos algumas coisas como aporrinhações. Quem é
mãe sabe, trocamos cocô com sorriso nos lábios) retratada no texto acima,
melhor, muito melhor, tê-los!
Com eles, a vida se enche de
sentido e graça. Por esse motivo, estou a pensar: será que hoje não estou eu
também comemorando aniversário? Terei eu também apenas 4 meses de vida!
Antes que vocês me
considerem uma louca, tratarei de me explicar: há muitas formas de iniciar a
vida! Sem dúvidas, todas elas devem ser comemoradas, pois, estar vivo é
realmente um presente de Deus.
Tenho certeza de que hoje
tenho que comemorar meus 4 meses de vida como mãe. Desde a chegada desse
pequeno, sou bem mais feliz, bem mais realizada, bem mais viva. Tomaz trouxe
com ele um sentido diferente aos meus dias (minhas noites também), fazendo com
que nada mais pudesse ser como era antes (ainda bem).
Na verdade, hoje tenho a
impressão de que minha vida antes era chata e monótona, mesmo que eu não me
desse conta disso. Todas as saídas aos bares e restaurantes da cidade, sessões
cinema, visita aos amigos e viagens descompromissadas ficaram para trás e sem
sentido.
Mas o que era mesmo isso?
Nem lembro! Se era bom, eu nem consigo recordar... Parece que tudo isso nunca
existiu em minha rotina e, se não fossem as fotos que registraram esses
momentos, chegaria a duvidar da veracidade deles.
No lugar disso tudo,
entraram noites em claro com filho com cólica, fraldinhas na mão para limpar as
infinitas gofadas de Tontom, troca de fraldas, remédios com horário marcado,
visitas ao pediatra, ao gastropediatra, ao alergopediatra...
Entrou também risada
descomprometida, carinho sem interesse, olhar apaixonado, trocas diárias,
brincadeiras aleatórias, desenhos na TV, músicas infantis, visita ao Parque da
Jaqueira, crescimento, desenvolvimento, amor sem fim. É, como diria Moraes:
Que
coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Que coisa linda
Que os filhos são!
Sem tê-los, deixamos nós
mesmas de existir. Não tem como. Crescemos e, pouco a pouco, as coisas vão
perdendo o sentido, de modo que ser apenas filha não é mais suficiente.
Tendo-os, voltamos a viver, só que de uma forma bem melhor do que como vivíamos
antes.
É, por tudo isso que hoje eu
tenho minhas dúvidas: será que fui eu quem deu a luz ao Tomaz ou será que foi
ele quem me deu a luz no momento em que encheu de sentido minha existência
nessa terra? Sem dúvidas, ele me deu mais vida do que eu serei capaz de dá-lo.
Justamente por isso, hoje também comemoro meus 4 meses de vida maternal!
Parabéns para mim e para
Tomaz!
Nem preciso dizer que como fã que sou sua não deixo de acompanhar uma só publicação e cada vez é mais lindo e mais emocionante... Eu lembro bem do dia do seu aniversário que vc descobriu que estava grávida, ainda lembro do seu semblante naquele dia... rsrsrs... Parabéns amiga linda para vc e para Tontom porq ambos merecem o parabéns... e vc tem sido um exemplo de mãe verdadeira...
ResponderExcluirbjs. Lu
Parabéns pelo Blog, adorei, pra falar a verdade, eu até chorei com essa postagem, rsrrs, vc disse tudoooo que eu senti depois que meu filho nasceu, tudo oque eu fazia, vivia, ficou pra traz e minha vida agora é muito melhor com meu filho, cada sorriso dele pra mim, faz minha vida fazer sentido, bjss, Edna dos Anjos
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