quarta-feira, 23 de março de 2016

Quando um amigo se machuco, outro amigo ajuda!

Todo final de semana Tomaz traz um livro da escola que deve ser lido pela/em família. Nesta última semana o escolhido para ser trazido pelo pequeno foi MARIA VAI COM AS OUTRAS, da Sylvia Orthof, cujo enredo trata de uma ovelhinha que faz tudo que as outras fazem, incluindo consumir alimentos que não gosta.

Entretanto, ao final da história, Maria surpreende ao decidir não ir com as outras, justo quando as ovelhas decidem pular para lagoa do Corcovado e caem fora da lagoa quebrando o pé. Nessa hora, mesmo 42 ovelhas pulando, “Maria deu uma requebrada, entrou num restaurante e comeu uma feijoada”. Com isso, a autora evidencia que daquele momento em diante Maria só vai para onde caminha seu pé.
Justo por isso, concluída a história, perguntei ao pequeno o que poderíamos aprender com Maria e, sem nem pestanejar, ele me respondeu:
- O comportamento dela foi horrível, mamãe.
Meio sem entender, eu lhe fiz outra pergunta:
- Por que, meu filho?
E ele prosseguiu:
- Porque as amigas dela estavam todas machucadas e ao invés de ajudar as amigas ela foi comer uma feijoada. Isso não se faz, mamãe!
Confesso que fiquei surpresa e, ao mesmo tempo, feliz. Já tinha lido essa história algumas vezes e jamais tinha feito esse tipo de reflexão tão linda e necessária.
É claro que Tomaz não possuía um repertório sobre a expressão popular MARIA VAI COM AS OUTRAS, mas é evidente, também, que ele tem um olhar sensível para as amizades – um olhar empático – demonstrando que devemos nos solidarizar com os outros.
É por isso que eu senti um orgulho imenso do meu pequeno e tive, também, a certeza que investir na qualidade das relações é uma das coisas mais importantes que podemos fazer pelos nossos filhos. Isso porque, o desenvolvimento da empatia nas crianças depende, sobremaneira, das condições de socialização oferecidas pelo contexto em que elas crescem e, nesse sentido, pais que favorecem o respeito e o reconhecimento do outro contribuem para que suas crianças possam, no sentido metafórico, calçar os sapatos de alguém.

É isso! Meu filho não precisa ser “Maria vai com as outras”. Mas, o que eu não quero que ele faça é deixar os amigos em sofrimento enquanto ele come uma feijoada. Por sorte minha, meu Tomaz já entendeu.

Quem quiser conhecer a história Maria Vai com as Outras, segue abaixo:  



                                  

Maria Vai com as Outras - Sylvia Orthof (Editora Ática)

Era uma vez uma ovelha chamada Maria. Onde as outras ovelhas iam, Maria ia também. As ovelhas iam para baixo, Maria ia também. As ovelhas iam para cima, Maria ia também.
Um dia, todas as ovelhas foram para o Pólo Sul. Maria foi também. E atchim! Maria ia sempre com as outras.
Depois todas as ovelhas foram para o deserto. Maria foi também.
- Ai que lugar quente!
As ovelhas tiveram insolação. Maria teve insolação também. Uf! Uf! Puf! Maria ia sempre com as outras.
Um dia, todas as ovelhas resolveram comer salada de jiló. Maria detestava jiló. Mas, como todas as ovelhas comiam jiló, Maria comia também. Que horror! Foi quando de repente, Maria pensou:
- “Se eu não gosto de jiló, por que é que eu tenho que comer salada de jiló?”
Maria pensou, suspirou, mas continuou fazendo o que as outras faziam.
Até que as ovelhas resolveram pular do alto do Corcovado pra dentro da lagoa. Todas as ovelhas pularam.
Pulava uma ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé! Pulava outra ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra e chorava: mé!
E assim quarenta duas ovelhas pularam, quebraram o pé, chorando mé, mé, mé! Chegou a vez de Maria pular. Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante comeu, uma feijoada. Agora, mé, Maria vai para onde caminha seu pé.

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