quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval ao som de mamamamamama.


De nascimento sou baiana, mas de alma, corpo e coração sou PERNAMBUCANA da mais perfeita categoria. A pernambucanidade é uma coisa tão presente em mim que vez por outra me pego errando em fichas cadastrais no quesito naturalidade, informando que nasci onde desejo, não onde realmente aconteceu.
Essa coisa tá ficando tão séria que há uma semana me ligaram da minha agência bancária querendo fazer atualização de cadastro. Para dar início a conversa com eles tendo certeza de que eu era realmente “a pessoa interessada” me fizeram aquelas clássicas perguntas: nome, data de nascimento, CPF e local de nascimento. Tal foi a minha surpresa que a moça do outro lado me disse: senhora, o local de nascimento não confere.
Naquele momento eu pensei:
- Como assim não confere? Minha mãe me fez achar durante todos estes anos que eu era soteropolitana!!!!
Foi quando, para meu espanto, ela prosseguiu:
- Aqui informa que a senhora nasceu em Recife!
Neste momento eu me belisquei para ter certeza que não era sonho e afirmei:
- Minha senhora, deve ter algum erro em seu cadastro. Eu sou Soteropolitana.
Não muito convencida do que eu afirmava, a moça do outro lado da linha continuou a conversa me fazendo outras perguntas que confirmassem que eu era realmente eu. Toda esta narrativa introdutória serve apenas para dizer: Recife, como é grande o meu amor por você!
Meu amor por esta terrinha é enorme e com direito a tudo que ele tem (não amo tudo que tem no Recife, mas amo o Recife da forma que é). É quase como um amor de mãe que ama mais que tudo e do jeito que é.  
No meio desse louco amor está a minha paixão pelo carnaval da minha cidade que, sem medo de ser piegas, é o melhor do mundo. Mesmo que esse amor esteja adormecido, ele permanece vivo e meus olhos brilham a cada marchinha carnavalesca e fantasia inusitada.
Digo amor adormecido pois há dois anos que abandonei os carnavais. Há dois anos que não pulo atrás dos blocos, que não canto no meio da multidão: voltei, Recife... Foi a saudade que me trouxe pelo braço, nem fico pensando qual será a fantasia que me ajudará a compor meu personagem de verdadeira foliã!!!
Não que isso seja um lamento. Abandonei os carnavais momentaneamente, pois tive o privilégio de conhecer um amor ainda maior: o amor materno. Por ele eu troquei as marchinhas por fraldinhas, os frevos por cantigas de roda e as fantasias por roupas confortáveis que não irritem a pele do meu pequeno.
Troquei também a música mais tocada no carnaval. Ano passado, por exemplo, minha trilha sonora foi composta por choro e jatos de vomito que insistiam em sair da boca do Tom. Mesmo com toda angústia que acompanhavam meus primeiros dias de mãe, posso afirmar que tinha sido o melhor carnaval da minha vida.
Isso se não tivesse tido o carnaval deste ano. As programações de momo e as trocas feitas continuam as mesmas do ano passado. Mudou apenas a música do carnaval que não foi frevo, maracatu nem axé. A música mais tocada no carnaval da minha casa foi “mamamamamamama”!!!
Isso mesmo, gente! Depois de muita expectativa finalmente o pequeno me chamou. Não que ele nunca tenha emitido sons com os fonemas M, A e E. Há tempos que ele vocaliza e sempre pronuncia balbucios que lembram a palavra mamãe.
Acontece que decidi não entrar na piração materna (pelo menos não nessa) que faz qualquer mãe achar que um simples bocejo do filho é a pronúncia das três letrinhas M, Ã, E! Coloquei na minha cabeça que só consideraria que o Tom falou qualquer palavra quando o som delas fosse proferido dentro de um sentido pertinente.
Foi então que durante os dias de momo meu pequeno olhou para mim com olhos apaixonados, tocou em meu rosto e falou: mamamama. A mãe aqui ficou toda bobona e retribuiu todo o amor que ele transmitia com muito beijo.
Daí então ele não parou mais! Foram 4 dias de muito mamamamama e durante esta folia que acontecia da porta pra fora da minha eu estava aqui ouvindo a mais lida de todas as melodias.
Esse Tom, resolve me aprontar justo no carnaval. Isso já me faz esperançar pelo que está por vir... Sendo assim, no carnaval do ano que vem, acho que vou me vestir de Pierrô. Isso porque a lágrima faz parte do traja e, como sou bobona, choro a cada novidade que meu pequeno decide apresentar.

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