Esta semana li um texto
sobre infantolatria e, realmente, fiquei muito incomodada com o conteúdo
discutido. Isso porque o autor define o termo estranho (que possui por si só um
ar de crítica) como a instituição da mãe como
súdita do filho e o adulto se colocando absolutamente disponível para a criança.
Me deu um mal estar com os
argumentos defendidos, visto que eu acho que é dever do adulto estar disponível
para a criança (já que elas necessitam psicologicamente e fisicamente dele), o
que é muito diferente de colocá-lo na posição de súdito do filho.
Ao meu ver, quando uma
criança nasce, vem com ela uma nova configuração para todos: pai, mãe, avô, avó
que, em função deste nascimento, se organizam e passam a viver diferentemente.
Não há como retroceder, pois existe, agora, uma criança na casa.
Toda essa mudança em minha
família foi muito natural. Não me sinto sufocada ou abrindo mão de algo que
queira, porque eu apenas desloquei prioridade e reorganizei minha rotina.Sim,
as vezes não vou ao salão e sinto falta, mas não é uma perda entende... é minha
vida se reorganizando porque há outras coisas a fazer (que me dão mais prazer
ou são mais importantes) e não a tirania do meu Tomaz me ordenando.
Sinceramente não vejo como
negativo o fato da minha TV ser quase que exclusivamente ligada na Discovery
Kids, pois eu não estou competindo com meu pequeno um lugar ao sol no sofá da
sala. Aqui em casa podemos, tranquilamente, negociar isso e, quando não é
feito, é porque achamos que vale a pena deixá-lo escolher e curtir a TV (até
porque curtimos junto).
Ora, não tem como: preciso
discordar (ou me julgar doente), pois não quero e não vou me convencer de que
numa família com relacionamento saudável é aquela
na qual o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à rotina dos
adultos. Para mim, saúde mesmo é quando todos se adaptam uns aos outros
e, justo por isso, aprendemos a conviver.
Realmente vou
ter dizer que a crítica feita a infantolatria, anunciada a partir de argumentos
tão frágeis, se pautam em concepções adultocentricas e negam que as crianças
possuem especificidades muito próprias da infância. As teorias do desenvolvimento
já nos ajudam a entender isso e compreender que evoluímos como sujeitos tanto
quanto as experiências sociais e afetivas nos permitem.
Por fim,
destaco que um relacionamento familiar não é um cabo de guerra, no qual de um
lado ficam as crianças e do outro os adultos. Uma família saudável se configura
a partir do reconhecimento que todos juntos formam um todo, mas que cada parte
do todo deve ser reconhecida e respeitada. Principalmente as crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário