Ontem
vi um vídeo que me fez mal: uma mulher, embriagada, sem blusa, sendo alisada
por homens de forma animalesca. O conteúdo do vídeo me causou mal, porque ver
uma mulher vulnerável, sendo abusada por homens sem nenhum pingo de hombridade
me fez questionar o valor da humanidade e a forma como temos nos relacionado
com as pessoas.
Isso
porque, a pessoa que me enviou o vídeo destacava a embriaguez da mulher quando,
ao meu ver, o grande problema da cena era a falta de generosidade das pessoas
ao redor – mulheres e homens, que se aproveitavam de uma situação para abusar
do corpo da moça. Os peitos de fora não eram nada (já que eram dela e ela faz o
que quer com eles), mas o que me deprimiu foi o fato de julgarem que ela
merecia ser abusada por estar sem blusa e bêbada em ambiente público.
Vendo
aquilo e refletindo sobre o que via pensei: que vergonha eu sentiria se me
filho estivesse ali, abusando da garota de maneira covarde; que vergonha
eu sentiria se eu fracassasse tanto como mãe ao ponto de educar um filho oportunista
e desrespeitador que ao invés de ser um homem - com H de hombridade - fosse um
mero animal irracional que ignora a condição humana diante de uma embriaguez.
É por
isso que depois desse vídeo eu me esforçarei cada vez mais para que meu Tomaz,
hoje ainda com três anos, possa se desenvolver num ambiente no qual a maior
manifestação de masculinidade seja o respeito ao outro independentemente das “oportunidades”
e do que o outro esteja fazendo.
Me
esforçarei para que ele entenda que se aproveitar de uma mulher ou de um homem
bêbado é um sinal de pouco caráter e que nós NUNCA devemos sentir prazer as
custas da exploração alheia, sobretudo a sexual. Lutarei, ainda, para que Tomaz
saiba, sempre, que qualquer tipo de relação com outra pessoa só pode ser
prazerosa se for consentida e que o consentimento passa, necessariamente, pela
capacidade de decidir.
Continuarei
me esforçando para que o Tomaz saiba que numa cena daquela, ao invés de seguir
o movimento da maioria, ele deve agir para acabar com uma coisa tão absurda e
que, justo por isso, ao invés de alisá-la ele poderia ajudá-la a sair dali.
Ensinarei
ao meu filho, ainda, que vergonhoso não é estar de peitos de fora, mas é, sim,
se aproveitar disso julgando que o corpo alheio me pertence e pode ser
usufruído sem nenhum pudor.
E ao
ensinar estas coisas ao meu pequeno eu espero, apenas, que ele se torne um
homem e que, justo por ser da espécie humana, ele olhe para todos os seus
semelhantes vendo a si mesmo e respeitando-os em sua integralidade. Porque como
mãe, o que eu preciso ensinar ao Tomaz é que aquela mulher deveria ter sido
respeitada não apenas porque ela merecia respeito, mas, sobretudo, porque o meu
respeito não depende da ação alheia, mas dos valores que nos cultuo em mim
mesma.
E como
eu não estava lá para tentar ajudar a moça, faço a minha parte criticando o ato
e não compartilhando o vídeo. Porque vergonha mesmo eu sinto daqueles homens e de todos os outros que compartilham a cena achando-a engraçada e
não daquela mulher que longe de ser a culpada pela cena grotesca, era vítima de
uma cultura machista e heteronormativa como a nossa.
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