Como
pedagoga tenho certeza que a brincadeira livre é fundamental ao desenvolvimento
dos pequenos, porque estimula a criatividade, o desenvolvimento emocional sadio
e a possibilidade de entreter-se sem a necessidade de um aparato tecnológico a
todo momento.
Por
isso, compreendo que a brincadeira, na vida infantil, é fundamental,
uma vez que pode ser uma das linguagens expressivas das crianças e, por isso,
proporcionar a comunicação, a exploração do mundo, a socialização e o
desenvolvimento integral. Ademais,
“(...)
Ao brincar, a criança é capaz de impor-se a condições externas, em vez de a
elas ficar sujeita. Há uma inversão do controle social: enquanto brincam, são
as crianças que dão as ordens (...) Provocar a oportunidade de inversões tem
implicações importantes como motor do desenvolvimento. No plano emocional,
brincar permite à criança libertar as tensões originadas pelas restrições
impostas pelo meio ambiente; brincar fornece a oportunidade de resolver as
frustrações, e é, por isso, altamente terapêutico. Ao brincar com os outros, a
criança aprende a partilhar, a dar, a tomar, a cooperar pela reversibilidade
das relações sociais.” (Kishimoto, 1995, p.13)
Assim,
como mãe, tenho tentado oportunizar ao Tom possibilidades de brincadeiras
livres, sobretudo junto a outras crianças, a fim de que ele consiga descobrir a
magia das trocas com seus pares e, com isso, caminhar num percurso de
desenvolvimento no qual os traços típicos de sua fase sejam respeitados.
Nessa
minha busca em deixar a rotina do meu filhote cada vez mais lúdica, fui apresentada a um espaço bem legal
em minha cidade (Recife), pela querida amiga Paloma Mendes: No Quintal – uma lanchonete que se
propõe a oportunizar as crianças brincadeiras de antigamente, sem muita
tecnologia ou informação.
No Quintal,
além de ter uma comida da melhor qualidade, com apresentação de encher os olhos
das crianças, possui um espaço bastante agradável, ao ar livre, que possibilita
que se brinque livremente. Lá não tem aqueles brinquedões que encontramos em
todas as lanchonetes da cidade, não tem escorrego, nem brinquedos
elétricos-eletrônicos.
No
Quintal, como antigamente, a diversão fica a cargo de capas de super-heróis, confeccionadas com
tecido de chita; uma casinha de madeira cheia de almofadas e livros, cavalos de pau (alguns poucos), que são saudavelmente disputados pelas crianças, além de paredes que podem ser ilustradas livremente com giz.
(Esse lindo da foto é meu afilhado Rafa)
(Estes lindos são os amigos da escola de Tom).
Por
isso, justamente por não ter uma oferta enorme de brinquedos, mas oferecendo o
que poucas crianças tem hoje em dia – liberdade - a diversão fica a cargo da
imaginação, de modo que, motivadas pelo encanto do lugar, os pequenos terminam
se divertindo da forma mais incrível que podemos imaginar.
Para
mim, mais do que trazer apenas entretenimento, No Quintal oportuniza uma forma
de desenvolvimento que respeita a infância, visto que, por sua estrutura, permite a realização de jogos simbólicos, ação que tem papel fundamental na formação
dos conceitos e da própria representação cognitiva da criança.
Vale
ressaltar, que os jogos simbólicos são formas da criança adaptar-se à realidade,
transformando-a e assimilando-a ao seu eu por meio de uma mecanismo assimilativo.
Um exemplo claro de que as assimilações são determinadas pelo eu, é o fato do Tom,
ao ser indagado sobre a utilidade das moedas, responder: “para tirar bolinhas
das máquinas”, exemplificando que a sua compreensão é marcada pelas suas
vivências.
Desse
modo, ao permitir que as crianças criem, brinquem sem a interferência direta
dos adultos (já que o espaço é projetado para que os pais consigam olhar as
crianças sem que seja necessário ficar junto a elas interferindo ou mediando,
diretamente, nas brincadeiras), No Quintal é uma ótima opção pra quem deseja
momentos de pura diversão e crescimento para os pequenos.
Por
fim, deixo o poema No Fundo do Quintal
da querida Roseana Murray, para nos ajudar a pensar:
No
fundo o quintal,
amarelinha,
esconde-esconde,
jogo
do anel,
um
amor e três segredos.
No
fundo do quintal,
passarinhos,
tesouros,
piratas
e navios,
as
velas todas armadas.
No
fundo do quintal,
casinha
de boneca,
comidinha
de folha seca,
eu
era a mãe, você era o pai,
Quando
não existe quintal, como é que se faz?
Bem, acho que a resposta seria:
Inventa!!!
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