Hoje li uma frase do Knost que dizia: “não é nossa função
endurecer nossas crianças para que elas possam encarar um mundo cruel e sem
coração. Nossa função é criar crianças que farão do mundo um lugar um pouco
menos cruel e com mais coração”.
Este pequeno texto mexeu muito comigo e me levou a pensar na forma
como temos concebido a educação das crianças, sempre focando no futuro (no que
as crianças estão por vivenciar), fatalizando-o por um presente, na maioria das
vezes, negativo.
- “Temos que deixar sofrer, para que ele fique forte”
- “Deixe ele se virar, porque no futuro ele não terá quem faça as
coisas por ele”;
- “Eu prefiro bater no meu filho quando ele ainda é criança para
que no futuro a polícia não precise bater nele” (esse é o tipo de afirmação que
mais me mata!)
Nossa, esse tipo de situação é uma das coisas que mais me incomoda
nessa minha "Viagem de Mãe", sobretudo porque evidencia o fato das
pessoas acreditarem que só aprendemos através da dor e que o abandono é o que
trará aprendizagem. Ademais, eu penso que é pelo fruto dessa crença que nós
vamos construindo práticas educativas que, ao meu ver, mais se caracterizam por
abandono afetivo e pouco ensinam aos pequenos sobre como lidar com a vida.
Um exemplo claro disso é quando vamos intervir para ajudar o nosso
filho a solucionar um problema. Nestas horas, muito comumente, escutamos
pessoas que nos repreendem dizendo: - “deixa ele se virar”.
-Ah, como assim se virar?
O que a criança precisa mesmo é encontrar elementos para
solucionar seus problemas o que, dificilmente, conseguirá se estiver sozinha.
Isso porque os pequenos, por possuírem um repertório ainda limitado de
estratégias para solucionar os conflitos vivenciados precisam ser orientados
pelos adultos para que se sintam seguros e consigam transpor suas dificuldades
da forma mais assertiva possível.
O Tom mesmo vivenciou isso dia desses. Ao andar no carro à noite
ele gosta que deixemos a luz interna acesa. Sem me lembrar disso eu apaguei e
ele, imediatamente, gritou um alto e sonoro NÃOOOOOOOOO!
Imediatamente eu lhe disse: Não se deve gritar assim com as
pessoas, meu filho. Ele, meio que tentando entender o que acontecia, foi logo
me dizendo:
-Então como é que se pede para apagar a luz sem gritar?
Nessa hora eu pensei o quanto as crianças precisam de nós para
aprenderem formas mais assertivas de relacionamento e o quanto o fato de sermos
nós, também, sujeitos com pouca habilidade sociais terminamos por contribuir
para que se perpetue essa sociedade que educa filhos duros para uma vida dura.
Ao invés de gritar com meu pequeno ou bater nele (usando o
argumento de que fiz isso para a polícia não fazer mais tarde) eu lhe expliquei
como ele poderia falar e ele me respondeu na maior inocência infantil:
- Tá certo, mamãe, eu não sabia! Não foi malcriação.
Nessa hora eu tive a certeza do quanto eles precisam de nós, das
nossas diretrizes e o quanto podemos, mesmo numa vida dura, educar filhos mais
amáveis, mais cuidadosos e mais gentis.
Certamente, para isso, teremos nós, os adultos, que desenvolver
estes aprendizados. Talvez um caminho seja abandonar estas crenças de que, por
vivermos na dureza, precisarmos educar nossos filhos sempre com espinhos. Para
uma nova vida, é necessário novas formas de vivê-la e para filhos mais amáveis
é preciso de ações com mais cheiro e textura de rosas.
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