Nos planos que eu faço para
o Tom não estão os de que ele seja bem sucedido, rico e casado com a mulher
mais bonita. No meio dos planos que faço para ele, estão aqueles que se voltam à
possibilidade de que meu filho seja feliz e, por isso, tento oferecer ao
pequeno uma educação pautada em valores que sejam morais, não sexistas e de base humanística
Meu maior anseio não está
relacionado ao valor de salário que o meu filho terá, porque dinheiro, para
mim, serve para atender as necessidades e não para trazer-me felicidade. Por
isso, e pensando que assim também será para o Tom, busco oferecer a ele uma
formação não sexista, cuja equidade de gênero seja uma realidade.
E isso começa do básico! Tom
brinca de carrinho, boneca, panelinha ou jogo de encaixe, porque possui, entre
os que têm acesso, todos estes. Aqui em casa não há brinquedos de menino ou de
menina... Há brinquedos com os quais se pode se divertir.
Também não há sempre tudo
azul, porque a cor tem a ver com momento, com finalidade, com desejo. Ele pinta
de rosa, de azul, de verde e de qualquer cor que ele desejar que faça parte de
suas artes, de sua vida.
Não há um monte de super-heróis...
Em seu quarto há poesia, há brinquedos e há muito amor para que ele se sinta
acolhido e possa achar que beijar e abraçar os outros é coisa de menino e de
menina.
Faço isso porque acredito
que crianças que aprendem que meninos e meninas devem ter direitos, deveres e
oportunidades iguais serão adultos que saberão respeitar o outro,
independentemente do fato de ser homem ou mulher. Isso me importa: realmente
quero que meu filho aprenda a respeitar e incorpore isto a sua personalidade.
É nesta meta que temos
trabalhado aqui em casa e ontem, ao ver o desenho da Pepa Pig, a porquinha
famosa do momento, me animei ao ter certeza de que há programação para crianças que já
transmitem esta mensagem.
Isso ficou claro no episódio
nomeado de "Primeira aula de balé", cujo nome já anunciava que trataria do primeiro encontro da
porquinha com este tipo de dança. No episódio em questão, ao chegar na escola de
dança, Pepa encontrou-se com todos os outros animais que atuam no enredo,
independentemente de serem meninos ou meninas. O que o autor de Pepa evidenciou,
neste desenho, foi o fato de balé ser uma dança, ser arte e, por isso, poder ser executado
por qualquer pessoa, independentemente do sexo.
Ainda nesse episódio da trama ,a porquinha
voltou ao lar e quis mostrar à sua família os passos aprendidos na aula. Neste momento, embora toda família estivesse na sala, foi seu pai que a ajudou, verbalizando os nomes dos passos de balé que ela tinha esquecido e reproduzindo-os junto com Pepa, da
forma mais natural e tranquila que pode ser uma relação entre pai e filha. Isso me alegrou!
Ainda para aumentar minha alegria, logo após o episódio citado, teve início outro cujo tema era a importância de lavar o
carro - objeto que, em nossa sociedade, serve para reafirmar estereótipos de gênero.
Nesta história, o Papai
e a Mamãe Pig agiam igualmente, lavando todo o automóvel. Quando ele ficou bem
limpinho, foi dirigido pela mamãe e não pelo papai, como acontece na maioria dos
filmes e desenhos infantis.
Ver estas cenas me alegraram
a alma. Realmente, espero que meu pequeno entenda que as tarefas domésticas são
atribuições tanto do pai quanto da mãe, assim como tanto o pai quanto a mãe têm
capacidade de lavar e dirigir o carro.
Sei que essa forma de ver a
vida não se dá por um passe de mágicas, mas com uma rotina na qual estereótipos
de gênero possam ser rompidos. A menina linda, loira e bailarina, que está entre
as ideias que ressaltam o preconceito em relação aos papéis masculinos e
femininos na sociedade, devem ser abominados, dando origem a pessoas normais,
com suas belezas e preferências, que dançam e são felizes.
Aqui em casa temos tentado
esta ruptura. Ainda bem que a Pepa também tem nos ajudado e que o Tom tem o
exemplo de um pai que é maravilho e, além de tudo, um grande homem... Tão
grande, que não precisa ser machista.